sexta-feira, 2 de maio de 2014

Dilma articula a resistência

Carlos Chagas
A presidente Dilma completou as declarações dadas a cronistas esportivos, na noite de segunda-feira, com longa entrevista concedida à estações de rádio do interior da Bahia, divulgada ontem. Deve estar preocupada com o crescimento do slogan “volta Lula”, porque pela primeira vez de público referiu-se à sua candidatura, ainda que ressalvando “quando eu for candidata”. Ora, tanto já é, faz tempo, que resolveu passar da defesa ao ataque, só para lembrar um jargão dos repórteres especializados em futebol.
O grave nos pronunciamentos da chefe do governo foi desdenhar o abandono que vem recebendo dos pequenos partidos da base oficial. Disse não se interessar pelas defecções, estando pronta para prosseguir sem eles.
Faltou anunciar uma óbvia consequência, que será a devolução forçada dos ministérios postos à disposição dessas legendas fujonas. A começar pelo PR, condômino do ministério dos Transportes. Se não a querem como candidata, devolvam as benesses.
Imagina-se que o próximo lance dessa partida desenvolvida à frente de todos venha a incluir o Lula. Porque o ex-presidente acomodou-se em cima do muro. Repete a disposição de apoiar a reeleição de Dilma, mas sempre acrescenta jamais poder dizer “não” a qualquer hipótese futura. Dilma ainda agora voltou a entoar loas à lealdade dela com o antecessor e dele para com a sucessora. Tudo segundo os conformes, mas para que ficar repetindo tantas vezes a mesma ladainha?
O que precisa ser examinado é o comportamento do PT, única força capaz de afastar Dilma e promover o Lula. Muitos companheiros já não escondem a tendência pela troca, sugerindo até que ela se dê a 20 de junho, data da convenção nacional destinada a sagrar a candidatura. É perigosa a história de que a substituição poderia ocorrer depois, com base num suposto recrudescimento da doença que uma vez acometeu a presidente. Tempo, no caso, é fator de consolidação. Há, no entanto, quem imagine deixar tudo para depois da copa do mundo, até em função da performance do selecionado brasileiro. A conquista do campeonato beneficiaria Dilma. Já a desclassificação…
 
 

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