(Foto: Amaury Silveira)
Um
fim trágico, mas previamente anunciado à mãe da vítima. O drama é o
mesmo que assola muitas famílias e que geralmente acaba em assassinatos.
Depois de perder o filho caçula de 17 anos, uma mulher, que preferiu
não se identificar com medo da ação dos bandidos e traficantes, foi
velar nesta quinta-feira(29) o corpo de outro filho. O corpo de um homem
apareceu na manhã desta quinta-feira(29), encostado em um muro na
passagem da Olaria, na rodovia Artur Bernardes, na Pratinha 1, em
Icoaraci.
A reportagem chegou ao local e viu
a cena: mãe e tia sentadas no chão, passando a mão no cadáver coberto
por uma rede. Eduardo Correa da Silva, de 19 anos, foi assassinado com
três tiros no rosto. Ali, a lei do silêncio impera, ninguém sabe de
nada, mas a reportagem falou com a mãe da vítima, que antes de declarar
tudo o que sabia pediu anonimato. O risco de ser a próxima vítima fala
mais alto. O drama da mulher é estarrecedor. “Venho de uma vida que só
eu sei das forças que tenho”, declarou.
Há 1 mês, ela perdeu filho caçula
de 17 anos. Ele foi assassinado dentro de uma residência no conjunto
CDP. “Até hoje não sei quem matou meu filho. E hoje foi o meu de 19
anos”, declarava ela, em meio às lágrimas e desolada. Ela revelou que o
filho assassinado ontem era “vida torta”, mas que há algum tempo estava
tentando andar no caminho do bem.
“Meu filho não era certo, sempre
cometia coisas erradas, nas ultimamente estava na igreja e estava
morando com uma moça que estava esperando um filho dele”, informou. A
esposa de Eduardo está grávida de 8 meses. Às 6h, ela saiu de casa para
ir até a cidade de Bragança, onde receberia de seus familiares material
para o enxoval do bebê. Eduardo ficou em casa, dormindo. A mãe conta que
dois homens entraram armados na casa dele, com uma pistola, e efetuaram
os disparos fatais. Não satisfeitos, saíram arrastando o corpo do rapaz
até a rua. Em seguida fugiram em um carro.
A mãe contou à reportagem que o
filho estava sendo ameaçado por traficantes da área. “Eu sei quem matou
meu filho e já falei aos policiais. Desde a sexta passada estavam atrás
dele para matá-lo. Me ligaram várias vezes para dizer que estavam
devendo o ‘patrão’ e que se eu não desse a eles R$ 3 mil, mais uma
televisão de 50 polegadas, iam matar. Disseram que se meu filho fugisse,
iam matar outra pessoa da família, por que ‘o chefe quer que ele mande e
pague a conta’”.
Mas a mulher não tinha dinheiro
suficiente para pagar a dívida deixada pelo filho. Se virou para
arrumar, mas não conseguiu. E nesta quinta-feira(29) eles cumpriram a
promessa. Os assassinos ainda tiveram a frieza de ligar para a mulher:
“Do outro lado do telefone ouvi: ‘Esperei até hoje, não destes teu jeito
e teu filho tá morto”. Em seguida, disseram onde jogaram o corpo de
Eduardo.
A mulher disse que os matadores
seriam os elementos conhecidos como “Baby” e “Marciso”. Segundo ela,
eles seriam traficantes da área e acostumados a fazer esse tipo de
serviço. Ela disse que estava tentando arrumar o dinheiro e eles
disseram que era ordem do patrão, para não esperar.
(Diário do Pará)
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