segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Dez pessoas são assassinadas a cada dia no Pará

Dez pessoas são assassinadas a cada dia no Pará (Foto: JR Avelar)
Se as mortes aconteciam mais em Belém, agora a violência se alastrou por todo o interior paraense (Foto: JR Avelar)

Dados do Mapa da Violência, divulgados recentemente, revelam que o Brasil ocupa a sétima pior posição entre cem países pesquisados e analisados, ficando atrás apenas de países como El Salvador, Guatemala, Colômbia e Venezuela, que apresentam as mais altas taxas de mortes violentas. O estudo apontou Belém como a terceira cidade mais violenta do Brasil, e que a taxa de homicídios no Pará é alarmante se compararmos com a década de 90, levando em consideração que as mortes são de jovens na faixa etária de 15 a 25 anos e 90% tendo como pano de fundo o tráfico de drogas.
A taxa base, segundo o Mapa da Violência na região Norte, chegou a 8,1%, sendo que a taxa nacional girou em torno de 7,9% de crescimento e, nesse contexto, o Pará apresenta taxas de crescimento em homicídios e que trazem grande preocupação para a população.
O estudo que é divulgado a cada dois anos mostra que depois de uma década de crescimento das taxas de homicídios no Pará, o estado continua na crista da onda. Ao compararmos os seis primeiros meses de 2013, em que ocorreram, segundo dados do Sindicato dos Policiais Civis do Pará, 1.911 homicídios e latrocínios, com os seis primeiros meses de 2014, quando houve 1.946 mortes violentas, concluímos o aumento da violência. Ressaltando que nesse levantamento apenas estão contabilizados os homicídios e latrocínios.
O Mapa da Violência 2013 divulgou que as mortes apenas por arma de fogo foram alarmantes em todo país. Em 2010 cerca de 36.792 pessoas foram assassinadas a tiros sendo que este número é superior aos dados coletados em 2009 que somaram 36.624 mortes por arma de fogo.
Entre os estados da federação que apresentaram as mais altas taxas de homicídios estão Alagoas com 55,3 por cada 100 mil habitantes, Espírito Santo com 39,4, Pará com 34,6, Bahia com 34,4 e Paraíba com 32,8 se verificando que estes Estados estão entre os cinco que mais sofreram com aumento da criminalidade.
As ocorrências de homicídios são preocupantes e o que antes era “privilégio” apenas da região metropolitana de Belém, agora se alastra por todo o interior paraense, com uma média de dez homicídios por dia de norte a sul de leste a oeste do Pará.
377 PESSOAS FORAM ASSASSINADAS EM JANEIRO
Nesse ano de 2014, o mês de janeiro foi considerado o mais violento até agora, com 377 mortes violentas, perdendo apenas para dezembro de 2013 que bateu o recorde de 386 mortes sendo 363 homicídios e 23 latrocínios, que enlutaram centenas de famílias. De todos os seis meses do ano, junho terminou como os outros meses, apresentando 304 mortes violentas. “Com muita gente fora da cidade os crimes diminuem aqui, mas acabam crescendo no interior”, revela um policial com mais de 20 anos de farda.
Dados do Sisp também revelam tirando, por exemplo, o mês de janeiro onde ocorreram 377 crimes sendo que desse total 316 tiveram abertura de inquéritos e 61 ficaram sem inquéritos não sendo revelado quantos criminosos foram presos pela Polícia Civil.
Um dos principais motivos para essa matança generalizada no Pará acaba sendo creditado ao tráfico de drogas, no que a polícia classifica como “dívida não paga” envolvendo viciados e traficantes, que se endividam com os “patrões” que mobiliza seu “exército de soldados” para eliminar os devedores.
Municípios paraenses antes considerados pacatos como Abaetetuba, Barcarena e Moju na região do Baixo Tocantins explodiram com taxas alarmantes de homicídios. Na Ilha do Marajó muitos municípios que passavam meses sem ocorrências de homicídios e latrocínios hoje frequentam as páginas policiais de jornais e programação policial nas emissoras de televisão.

ESTATÍSTICA
Criada em 2010 para investigar os crimes contra a vida a Divisão de Homicídios faz a sua parte. Apenas crimes múltiplos e complexos estão sob a tutela da especializada, que se desdobra em investigações que chegam a durar meses para conseguir desvendar os crimes a eles confiados à missão de elucidar.
A maioria dos homicídios, principalmente aqueles onde não se tem uma pista dos assassinos, acaba virando estatística nas Seccionais Urbanas e delegacias de bairro na Região Metropolitana de Belém e até mesmo no interior do Estado.
EM NÚMEROS
Dos 1.946 homicídios e latrocínios registrados nos seis primeiros meses no Estado do Pará a média continua em 10,8 mortes por dia, sendo que teve dia nesse ano que o Pará contabilizou 25 mortos em 24 horas sendo a maioria no interior do Estado.
NA GAVETA
Casos como do vereador de Curuçá na região do Salgado, Antonio Kzan executado com seis tiros na periferia de Belém no ano de 2010, “dormem” em alguma gaveta da Secretaria de Segurança Pública do Estado sem que haja a continuidade das investigações.
(Diário do Pará)



Nenhum comentário:

Postar um comentário