Carlos Chagas
Quando a gente imaginava
que não podia ficar pior, ficou. E mais ficará, estendendo-se a certeza
até o segundo turno, dia 26. Fala-se da baixaria que assola não apenas a
campanha presidencial, mas o pudor e a paciência de todos nós.
Dilma chama Marina de
mentirosa, acusando-a de desvio de caráter por conta da votação da
emenda da CPMF. Marina retruca que mentirosa é a Dilma, por sustentar
não ter conhecimento dos escândalos na Petrobras.
As duas vão se encontrar
cara a cara no último debate entre os candidatos, dentro de horas, na
Rede Globo. Irão armadas? Porque já prepararam novas injúrias, além das
que dispararam ontem, durante as campanhas. Fosse num campo de futebol e
teriam recebido o cartão vermelho, tanto pelas agressões quanto pelas
mentiras.
Do fundo da memória, só se
encontra paralelo nessa lambança promovida pelas candidatas quando Jânio
Quadros e Ademar de Barros disputaram o governo de São Paulo, em 1954.
Um levava para os comícios um rato morto pendurado num bambu, por um
fio. O outro reagia com um gambá, na mesma situação – ambos sustentando
ser o adversário.
A pergunta que se faz é se
tanto Dilma quanto Marina terão condições emocionais para dirigir o país
pelos próximos quatro anos. No Congresso, adversários serão
transformados em inimigos? E nos governos estaduais? A presidente,
quando de sua eleição contra José Serra, em 2010, jamais levou a
campanha para tamanho baixo nível. Nem a ex-senadora, ao disputar o
mesmo pleito, ficando em terceiro lugar. Qualquer uma que vença agora
carregará o peso da falta de equilíbrio.
PESQUISAS EM XEQUE
Longe de levantar
suspeitas, mas como explicar que as pesquisas indicavam Garotinho em
primeiro lugar, na disputa pelo governo do Rio, com Luís Pezão lá em
baixo, mas, pouco depois, inverteu-se o pêndulo? Eunício Oliveira, no
Ceará, já podia encomendar o terno da posse, agora corre o risco de
perder. E no Rio Grande do Sul, com Ana Amélia considerada eleita e hoje
perdendo para Tarso Genro? Os exemplos da inconstância do eleitorado se
multiplicam. Ou os institutos de consulta popular se enrolaram? Vale
aguardar a verdadeira pesquisa, domingo.
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