Pedro do Coutto
Num artigo publicado na edição de terça-feira 30 no Globo, a
jornalista Patrícia Kogut apontou quais, a seu ver, foram as maiores
deficiências registradas no debate levado ao ar pela Rede Record na
noite de domingo entre sete candidatos à presidência da República.
Ela destacou a necessidade de o modelo adotado para os debates
sofrer modificações, a começar pela possibilidade, hoje inexistente, de
os autores das perguntas, inclusive os jornalistas, poderem também
cobrar mais exatidão nas respostas. Importante este aspecto da questão,
essencial até para elevar o nível dos confrontos. Patrícia Kogut lembra
que, até agora, os debates estão servindo mais as candidaturas e menos
ao eleitorado.
Muito bem. É de esperar, portanto, que no debate da Rede Globo
introduza alterações capazes de tornar a apresentação das mensagens mais
dinâmicas e, sobretudo, mais inteligente. Partindo do prisma que mais
destaque o interesse dos espectadores, enfim do eleitorado.
Principalmente porque, em função da grande audiência da emissora, o
debate pode inclusive tornar-se decisivo para definir a segunda
colocação no primeiro turno, fundamental para revelar, entre Marina
Silva e Aécio Neves, quem enfrentará Dilma Rousseff nas urnas de 26 de
outubro, desfecho final das eleições presidenciais.
Digo isso com base nas últimas pesquisas do IBOPE e Datafolha, as
quais asseguram o primeiro posto para a atual presidente, que não poderá
ser ultrapassada no primeiro turno. Como na realidade só existem de
fato três candidaturas, a única possibilidade, será a de Aécio Neves
aproximar-se de Marina nos dois dias que faltam para consolidar o
resultado do primeiro turno.
A ÚNICA DÚVIDA
Não estou dizendo que Aécio vá evoluir ao ponto de ameaçar a
colocação de Marina, nem afirmo, hipótese, nesta altura dos
acontecimentos, mais provável, que Marina chegará na frente do
ex-governador de Minas Gerais. Sustento que essa é a única dúvida que
persistirá até a abertura das urnas eletrônicas. Nenhuma outra resiste à
mais leve análise. Pois dos onze candidatos ao Palácio do Planalto,
oito são de expressão secundária, porém de importância para evitar um
desfecho decisivo já no primeiro turno. Eles acrescentam algo em torno
de 3 pontos, que podem se tornar essenciais para impedir a vitória de
Dilma na primeira fase das eleições. Para esse efeito, até um ponto pode
atingir um significado maior. Como no futebol, se por um gol se vence,
por um gol também se perde.
A algumas horas do início da eleição, aliás das eleições, já que
temos os pleitos (nessa ordem) para deputado estadual, federal, senador,
governador e finalmente presidência da República, no que se refere à
sucessão presidencial, Marina Silva e Aécio Neves jogam tudo no ultimo
debate , pois não existe nada na campanha que possa ser mais abrangente
do que a força da audiência da Globo. Cada ponto representa em torno de
60 mil domicílios, do total de 60 milhões existentes em todo o país.
Pode-se calcular a média de 2,5 eleitores por residência. Por aí se
constata o raio de penetração que o debate vai fornecer (a favor ou
contra) os candidatos que estarão na tela.
O resultado final vai depender do desempenho de cada um deles. Como
alguém muito importante na história deixou registrado, antes até de
Jesus Cristo, a sorte está lançada. A frase é de Júlio Cesar, imperador
romano.
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