Debate promovido pela Rede Globo foi marcado por troca de ataques e dedos em riste POR ANDRÉIA SADI, CÁTIA SEABRA, DANIELA LIMA, MARINA DIAS E RANIER BRAGON
(FOLHA) – Os
três candidatos que lideram a corrida presidencial se atacaram
mutuamente em todos os blocos do quinto e último debate antes do
primeiro turno das eleições, realizado na noite desta quinta-feira (2)
pela TV Globo.
O evento, o mais acirrado e
tenso da atual disputa, durou duas horas e meia e foi realizado horas
após o Datafolha apontar o acirramento da busca por uma vaga no segundo
turno entre Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB).
Um dos principais momentos de
tensão ocorreu quando a presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à
reeleição, prolongou uma discussão sobre corrupção com Marina. As duas
trocaram acusações depois que os microfones já estavam desligados e o
tempo, esgotado.
Empatado com Marina na disputa
pelo segundo lugar, Aécio Neves (PSDB) explorou o escândalo de
corrupção na Petrobras e mirou tanto em Dilma quanto em Marina.
A candidata do PSB, que por um
longo tempo esteve bem a frente de Aécio nas pesquisas, anunciou uma
nova promessa, a três dias da eleição, a de pagar um 13º aos
beneficiários do Bolsa Família.
Acusada pelo PT de representar
uma ameaça à continuidade do programa, que é o carro-chefe da política
social do governo, Marina repetiu a mesma estratégia adotada quatro anos
antes, também em um debate, pelo então presidenciável tucano José
Serra.
A candidata do PSB resistia a
apresentar essa proposta agora, às vésperas do primeiro turno, segundo
apurou a Folha. Mas ficou sem opção devido à ameaça de perder a vaga no
segundo turno para Aécio, segundo assessores.
“Não tem coisa pior que chegar no Natal sem ter como sequer dar uma ceia para o seu filho”, disse Marina.
MENSALÃO
Já no primeiro bloco do evento
Aécio e Marina se confrontaram diretamente. O tucano lembrou que Marina
era do PT durante o escândalo do mensalão e que em sua gestão no
governo Lula empregou derrotados nas urnas.
Marina rebateu dizendo que o mensalão começou a ser gestado em Minas Gerais, durante campanha do PSDB.
E arrematou: “Você falou que
eu fui atacada injustamente pelo PT. Eu também fui atacada injustamente
por Vossa Excelência, que pela primeira vez na história desse país se
uniu com o PT para tentar me desconstituir”.
Marina usava broche com o
número de sua candidatura, 40. Segundo o Datafolha, seus eleitores são
os que menos conhecem seu número.
Dilma foi questionada pelos
adversários principalmente sobre suspeitas de corrupção na Petrobras.
Preso, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa acusou uma dúzia de
políticos de receberem propina de empresas com negócios na Petrobras.
“Acho que corruptos há em
todos os lugares, o que é necessário é que as instituições sejam capazes
de investigar. [...] E quero dizer uma coisa, não acredito que tenha
alguém acima de corrupção. Acho que todo mundo pode cometer corrupção,
as instituições é que têm que ser virtuosas e impedirem que isso
ocorra”, disse a presidente.
Aécio foi o que mais tempo
dedicou ao assunto, afirmando que Dilma tratou com leniência Costa, que
recebeu elogios na ata da Petrobras que registra sua saída do cargo.
Dilma rebateu afirmando que o próprio Costa reconheceu, em depoimento no
Congresso, que foi instado pelo governo a pedir demissão.
“Vocês entregaram a nossa
maior empresa, e isso quem diz é a Polícia Federal, a uma quadrilha, a
uma organização criminosa que lá se instalou. O diretor está preso. Esse
é o lado perverso do aparelhamento da máquina pública, a pior marca do
governo do PT”, disse o tucano.
Marina afirmou que Dilma
patrocinou uma “demissão premiada” ao ex-diretor, em referência à
delação premiada que ele negociou com o o Ministério Público.
Aécio também explorou a
acusação de que a campanha de Dilma tem usado os Correios de forma
irregular em sua campanha, na distribuição de material de propaganda. A
estatal nega, afirmando que faz o serviço para políticos de vários
partidos.
No primeiro momento em que
partiu para a ofensiva contra um dos adversários, Dilma escolheu Aécio e
falou sobre o tema das privatizações, que os petistas usaram contra os
tucanos em campanhas eleitorais anteriores.
Aécio defendeu as
privatizações do governo FHC (1995-2002) e puxou aplausos para o
ex-presidente, que estava presente na plateia da Globo.
Na campanha deste ano, Aécio
abandonou a tática adotada pelos tucanos nas eleições presidenciais de
2002, 2006 e 2010, quando os candidatos do partido deram a FHC e seu
governo papel secundário por temer desgaste.
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