terça-feira, 25 de novembro de 2014

A triste sorte do ladrão de galinha

Carlos Chagas
José Peito de Pombo, marginal desrespeitado na própria comunidade onde foi criado, cumpre sentença criminal no presídio da Papuda, como ladrão de galinha. O Defensor Público entrou com pedido de prisão domiciliar por haver o réu cumprido um sexto da pena a que foi condenado. O juiz das Execuções Penais negou, alegando que no buraco da favela onde ele antes vivia, inexistiam condições para abrigá-lo livre das más companhias, da venda de cachaça na birosca ao lado e do uso escancarado do crack entre seus vizinhos. Ficaria exposto à proximidade de outros delinquentes, correndo o risco de reincidir. Melhor que continuasse frequentando o ambiente sadio do cárcere.
O Defensor Público não se convenceu e requereu que o meliante fosse ao menos autorizado a passar dez dias na favela, para cuidar de seus negócios. Nova recusa, pois suas atividades, até a condenação, envolviam roubo de penosas e sua venda num caixote incrustado na feira. Por último, um pedido sentimental: que o Meretíssimo permitisse pelo menos ao preso passar o Natal em casa. Veio a última negativa, até porque o Papai Noel daquele recanto perdido do Distrito Federal encontrava-se detido por tentativa de estupro…
Pois é. Em nome da paz social e do bom funcionamento das instituições, o José Peito de Pombo cumprirá em regime fechado os anos a que foi condenado. Quem quiser que faça o paralelo entre o ladrão de galinha e os mensaleiros, evitando-se a citação de um em benefício dos demais. Quem quiser que explique a diferença entre os condenados, estes em casa, aquele na cadeia.
A NOVA VAGA
Falta a presidente Dilma preencher a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. Talvez apenas ano que vem, apesar de o vazio ensejar ao menos na teoria que num colegiado de dez cidadãos de alto saber jurídico e reputação ilibada, pode muito bem dar empate de cinco a cinco num próximo julgamento. Os ministros são onze precisamente para evitar o impasse.
 
 

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