Carlos Chagas
José Peito de Pombo,
marginal desrespeitado na própria comunidade onde foi criado, cumpre
sentença criminal no presídio da Papuda, como ladrão de galinha. O
Defensor Público entrou com pedido de prisão domiciliar por haver o réu
cumprido um sexto da pena a que foi condenado. O juiz das Execuções
Penais negou, alegando que no buraco da favela onde ele antes vivia,
inexistiam condições para abrigá-lo livre das más companhias, da venda
de cachaça na birosca ao lado e do uso escancarado do crack entre seus
vizinhos. Ficaria exposto à proximidade de outros delinquentes, correndo
o risco de reincidir. Melhor que continuasse frequentando o ambiente
sadio do cárcere.
O Defensor Público não se
convenceu e requereu que o meliante fosse ao menos autorizado a passar
dez dias na favela, para cuidar de seus negócios. Nova recusa, pois suas
atividades, até a condenação, envolviam roubo de penosas e sua venda
num caixote incrustado na feira. Por último, um pedido sentimental: que o
Meretíssimo permitisse pelo menos ao preso passar o Natal em casa. Veio
a última negativa, até porque o Papai Noel daquele recanto perdido do
Distrito Federal encontrava-se detido por tentativa de estupro…
Pois é. Em nome da paz
social e do bom funcionamento das instituições, o José Peito de Pombo
cumprirá em regime fechado os anos a que foi condenado. Quem quiser que
faça o paralelo entre o ladrão de galinha e os mensaleiros, evitando-se a
citação de um em benefício dos demais. Quem quiser que explique a
diferença entre os condenados, estes em casa, aquele na cadeia.
A NOVA VAGA
Falta a presidente Dilma
preencher a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. Talvez
apenas ano que vem, apesar de o vazio ensejar ao menos na teoria que num
colegiado de dez cidadãos de alto saber jurídico e reputação ilibada,
pode muito bem dar empate de cinco a cinco num próximo julgamento. Os
ministros são onze precisamente para evitar o impasse.
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