Pedro do Coutto
Ao anunciar às repórteres Carolina Alencastro e Simone Iglesias a criação da Rede Sustentabilidade até março de 2015, e sua consequente saída do Partido Socialista Brasileiro, em O Globo de 24 de novembro, a ex-senadora Marina Silva praticamente liberou a legenda do bloco de oposição ao governo Dilma Rousseff, deixando portanto à vontade os integrantes do partido para se posicionar. Isso de um lado.
De outro, acentuou que o seu projeto continua a ser a criação da Rede e que seu ingresso nos quadros do PSB só ocorreu porque em outubro do ano passado o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que faltaram quase 41 mil assinaturas de eleitores para que o registro fosse concedido. Agora, faltam 32 mil, as quais ela espera completar brevemente. Com a transformação da Rede de movimento em partido político, ela antecipa seu desligamento e sua nova inscrição.
Na entrevista, Marina Silva anunciou também que a Rede manterá uma posição de independência em relação ao governo, criticando o que considerar negativo e aplaudindo o que achar bom para o país. Com a criação da Rede Sustentabilidade, os que nele se integrarem já vão ter legenda assegurada para disputar as eleições municipais de 2016. Antes dessa data, somente haverá eleições para as Mesas da Câmara e do Senado Federal.
O confronto esperado dar-se-á para a Mesa da Câmara dos Deputados, já que o Palácio do Planalto se opõe à candidatura Eduardo Cunha, lançada por correntes do PMDB não sintonizadas plenamente com o governo. Liberado do bloco da oposição, o PSB poderá portanto influir no processo de decisão desequilibrando a disputa num sentido ou no outro. O que dificilmente ocorreria se Marina Silva não houvesse antecipado seu desligamento. Como toda atitude política produz um reflexo pelo menos, eis aqui um deles. A curto prazo o futuro vai definir.
APOSENTADORIA COMPLEMENTAR
Na mesma edição, O Globo publicou importante reportagem de Alexandre Rodrigues e Daniel Biaseto sobre os fundos de aposentadoria complementar, em relação aos quais estão surgindo preocupações principalmente, acentua a matéria, por parte dos servidores do banco do Brasil, Petrobrás e Caixa Econômica Federal quanto a eficiência das aplicações dos recursos existentes. O Previ, Banco do Brasil, o Petros, Petrobrás e o Funcef, Caixa Econômica Federal, os três maiores, acumulam recursos da ordem de 300 bilhões de reais e funciona para assegurar a aposentadoria complementar e assistência médica aos segurados.
Para isso, eles contribuem com 7% de seus salários e as empresas com outros tantos. Como o teto da aposentadoria pelo INSS, hoje em torno de 4 mil reais, é menor que a remuneração média dos empregados do BB, Petrobrás e Caixa Econômica, os fundos de pensão, como são chamados, complementam a diferença entre o que o aposentado tem direito a receber pelo INSS e o seu salário quando em atividade. Com esse complemento, a passagem para a aposentadoria se tornaria impraticável, em face da queda muito grande a atingir a remuneração.
Mas para assegurar tal cobertura, é indispensável que os fundos de pensão realizem aplicações rentáveis em níveis nunca inferiores à inflação. Pois se perderem para as taxas inflacionárias estarão na realidade sendo diminuídos através de um processo real de descapitalização. Daí a preocupação em impedir a diluição dos recursos financeiros através de manipulações políticas.
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