segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Após eleição, partidos pensam em fazer fusões ou formar blocos



Movimentos em busca de mais tempo de tevê, de fortalecimento institucional e de aumento da bancada no parlamento levam siglas, como PSD, Pros, PPS, Solidariedade e PSB, a cogitarem incorporações em 2015


Para garantir a sobrevivência política de algumas siglas ou fortalecer blocos governistas e oposicionistas, a onda de fusões partidárias promete iniciar 2015 em alta. Na base de sustentação de apoio ao segundo governo da presidente Dilma Rousseff, a principal manobra começa a ser feita pelo ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab. Ele pretende recriar o Partido Liberal (PL), atrair parlamentares que estão insatisfeitos na oposição e, depois, fundir a legenda ao PSD. Para aumentar a sua musculatura, o recém-criado Pros tenta atrair o PDT e o PCdoB. Na oposição, mesmo com divergências e dificuldades impostas pelas regras eleitorais, existe ainda a possibilidade remota de uma fusão entre PPS, Solidariedade e PSB.

Até o momento, a estratégia mais avançada é a que foi traçada por Kassab, bastante cotado para assumir o Ministério das Cidades. O plano é pragmático e já está em curso. A recriação do PL é um mecanismo para driblar as regras eleitorais sem cometer ilegalidades de fato. Em 2011, quando fundou o PSD, muitos parlamentares queriam migrar para a nova legenda, no entanto, não havia segurança jurídica que garantisse o tempo de televisão para que pudessem concorrer nas eleições municipais de 2012. Às vésperas do prazo final, o TSE decidiu favoravelmente e determinou que o PSD teria direito ao tempo para a disputa do pleito.

O problema é que já havia se esgotado o prazo de filiação partidária, um ano antes da disputa eleitoral. Agora, uma resolução do TSE diz que uma nova agremiação não pode incorporar o tempo de propaganda de rádio e televisão da legenda antiga sem realizar a fusão. É aí que entra o plano de Kassab. Os parlamentares pulam para o partido novo, no caso o PL, e o mesmo se funde ao PSD, dando ao parlamentar os minutos tão desejados de propaganda eleitoral.

Logo após a divulgação dos resultados do segundo turno das eleições, o governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), defendeu que, por uma questão de sobrevivência, a legenda também deveria se fundir. Neste ano, a sigla elegeu apenas 11 deputados federais e nenhum senador. “Precisamos conversar com o partido para pensar uma alternativa. Acredito que devemos iniciar um processo de fusão com partidos de afinidades ideológicas, como o PDT ou mesmo o PCdoB”, disse, em entrevista no domingo passado.

Para o governador, o PMDB precisa ser combatido. “O nosso principal objetivo é fortalecer o Pros para limitar a força do PMDB. Esse partido é um ajuntamento de seções regionais que tem como interesse chantagear o governo. É isso que precisamos combater”, declarou.

Oposição

Informações de bastidores indicam que o PSB, o PPS e o Solidariedade também podem se fundir. O objetivo é se tornar a terceira maior força da Câmara, com 59 parlamentares. O problema é justamente as regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbem parlamentares vindos de outras siglas de migrarem para legendas oriundas de uma fusão. Apenas os deputados dos partidos que se fundiram poderiam trocar de legenda sem o risco de perderem os mandatos.

Outra alternativa, defendida pelo presidente do PPS, Roberto Freire, seria formar um bloco na Câmara. O DEM já iniciou uma rodada de reunião para estudar as fusões e há quem defenda a união com o PSDB em uma só sigla. A ideia, no entanto, encontra resistência dentro do partido.
 

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