quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Até agora Eduardo Cunha ganha por pontos

De cabelos implantados, Cunha quer ser um novo Renan
Carlos Chagas
Eduardo Cunha parece tão certo de sua eleição para presidente da Câmara que já se dá ao luxo de poupar a presidente Dilma, acenando com a independência do Legislativo mas oferecendo-se ao diálogo com o Executivo. Reeleito antecipadamente para a liderança do PMDB no ano que vem, inclusive com o voto dos novos deputados escolhidos em outubro, o parlamentar fluminense anda cheio de cuidados para não dar a impressão de contestador do Planalto. Sabe muito bem não contar com o apoio do PT, que contrabalança com a simpatia das oposições, mas confia em que, uma vez ocupando a presidência da Câmara, manterá distância necessária a retirar a impressão de subserviência que tem marcado as relações entre os dois poderes.
Mesmo sem a emissão de juízos de valor a respeito da candidatura de Eduardo Cunha, importa reconhecer que o ele vem fazendo o dever de casa. Nem mesmo critica os primeiros nomes do novo ministério ainda em elaboração, apesar de exprimirem a antítese do que Dilma pregou em sua campanha. O arrocho em gestação na economia não o impressiona, até elogia Joaquim Levy e Kátia Abreu.
Em suma, o homem é do ramo, em se tratando de saltar obstáculos e costear o alambrado. Seu perfil verdadeiro, porém, indica ventos fortes e até tempestades na Praça dos Três Poderes, na medida em que encarna o sentimento de rebeldia do PMDB diante do governo federal, menos pelas mudanças previstas na economia, mais pela ânsia de ocupar espaços no ministério. Será, para a presidente Dilma, acomodar-se às exigências dos novos tempos ou partir para o confronto. Até agora, Eduardo Cunha vem ganhando a luta por pontos, ainda que permaneça em aberto o desfecho através de um nocaute.
O provável novo presidente da Câmara promete dedicar-se por inteiro à reforma política e à reforma tributária, mas rejeita as duas maiores propostas da presidente Dilma, o financiamento público das campanhas e a convocação de uma assembleia constituinte exclusiva.
CIA E KGB
Poucos entenderam a imagem feita pelo senador Aécio Neves, de que o governo trabalha como se alguém da CIA estivesse dirigindo o KGB. A guerra fria não passou de todo, mas os espiões mantém suas posturas.
 
 

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