Carlos Chagas
Eduardo Cunha parece tão
certo de sua eleição para presidente da Câmara que já se dá ao luxo de
poupar a presidente Dilma, acenando com a independência do Legislativo
mas oferecendo-se ao diálogo com o Executivo. Reeleito antecipadamente
para a liderança do PMDB no ano que vem, inclusive com o voto dos novos
deputados escolhidos em outubro, o parlamentar fluminense anda cheio de
cuidados para não dar a impressão de contestador do Planalto. Sabe muito
bem não contar com o apoio do PT, que contrabalança com a simpatia das
oposições, mas confia em que, uma vez ocupando a presidência da Câmara,
manterá distância necessária a retirar a impressão de subserviência que
tem marcado as relações entre os dois poderes.
Mesmo sem a emissão de
juízos de valor a respeito da candidatura de Eduardo Cunha, importa
reconhecer que o ele vem fazendo o dever de casa. Nem mesmo critica os
primeiros nomes do novo ministério ainda em elaboração, apesar de
exprimirem a antítese do que Dilma pregou em sua campanha. O arrocho em
gestação na economia não o impressiona, até elogia Joaquim Levy e Kátia
Abreu.
Em suma, o homem é do ramo,
em se tratando de saltar obstáculos e costear o alambrado. Seu perfil
verdadeiro, porém, indica ventos fortes e até tempestades na Praça dos
Três Poderes, na medida em que encarna o sentimento de rebeldia do PMDB
diante do governo federal, menos pelas mudanças previstas na economia,
mais pela ânsia de ocupar espaços no ministério. Será, para a presidente
Dilma, acomodar-se às exigências dos novos tempos ou partir para o
confronto. Até agora, Eduardo Cunha vem ganhando a luta por pontos,
ainda que permaneça em aberto o desfecho através de um nocaute.
O provável novo presidente
da Câmara promete dedicar-se por inteiro à reforma política e à reforma
tributária, mas rejeita as duas maiores propostas da presidente Dilma, o
financiamento público das campanhas e a convocação de uma assembleia
constituinte exclusiva.
CIA E KGB
Poucos entenderam a imagem
feita pelo senador Aécio Neves, de que o governo trabalha como se alguém
da CIA estivesse dirigindo o KGB. A guerra fria não passou de todo, mas
os espiões mantém suas posturas.
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