Carlos Chagas
A primeira semana depois da
eleição, apesar das derrotas de Dilma no Congresso, ou por causa delas,
revela que nada vai mudar em termos de relacionamento do governo com
sua base parlamentar. Traduzindo: a lambança continuará. Os partidos que
apoiam a presidente demonstraram pretender conservar fatias de poder,
ministérios e sinecuras, para continuar votando com o palácio do
Planalto. Como sinal de que não estão brincando, infringiram
significativas derrotas ao governo, da rejeição da proposta do
plebiscito para a reforma política à não aprovação do decreto que cria
os conselhos populares e, de tabela, a convocação do ministro Edison
Lobão à Comissão de Agricultura. Mais a sedimentação da candidatura de
Eduardo Cunha a presidente da Câmara.
Durou pouco o sonho de
mudanças. Será assim ou pior caso a presidente não se comprometa a
fatiar o novo ministério entre PMDB, PR, PDT, PTB e penduricalhos
menores. Exatamente como aconteceu nos últimos quatro anos, apesar da
desmoralização e do desgaste que essa operação de compra a venda causa
ao governo. Sem falar na geração da ineficiência administrativa e nas
suspeitas de corrupção.
Em suma, uma semana bastou
para que a presidente caísse na real e mandasse avisar seus aliados de
que nada vai mudar e que eles continuarão sócios privilegiados, se
garantirem maioria para os projetos e interesses oficiais no Congresso.
Sendo assim podemos esperar
para breve a designação de novos ministros e altos funcionários saídos
da mesma fonte geradora de escândalos e ineficácia de sempre, os seus
partidos. Dilma caiu na armadilha disposta à sua frente quando da
primeira posse. Se agora tentou libertar-se, foi apenas durante o
discurso de agradecimentos pela reeleição, na noite de domingo. Logo
percebeu sua condição de prisioneira das mesmas forças parlamentares que
envergonham as instituições nacionais. Submeteu-se.
TROCANDO PARA PIOR
No Senado, dá pena
verificar que não voltarão Inácio Arruda, Pedro Simon, Jarbas
Vasconcelos, Francisco Dornelles, Eduardo Suplicy e outros. Acresce que
na próxima Legislatura estarão no exercício dos mandatos nada menos do
que 21 suplentes, tendo em vista a eleição dos titulares para
governador, entre outros motivos.
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