Barbosa Lima Sobrinho, pelo PSD, e Neto Campelo Júnior, pela UDN, tinham disputado o governo de Pernambuco depois da ditadura de Getúlio, em 1947: Barbosa Lima, candidato de Agamenon Magalhães, e Neto Campelo, ministro da Agricultura de Dutra, candidato da Oposição.
Na apuração, quase empate. Urna a urna, Pernambuco disputava, pelas rádios e alto-falantes, voto por voto. Ganhou Barbosa Lima. Mas houve muitas urnas impugnadas e as decisões passaram para o Tribunal Eleitoral. Continuou o impasse. Nas esquinas, nos bares, nas casas, o povo ao pé do rádio e dos alto-falantes para saber da chegada final.
Nequinho Azevedo, figura popular do Recife, estava num botequim torcendo por Barbosa Lima. Era a última decisão sobre a última urna, onde Barbosa Lima havia vencido bem. Anulada, estaria derrotado.
BARBOSA LIMA
O locutor fez um suspense:
– Atenção, senhoras e senhores, última urna! O Tribunal aprovou a urna pelo voto de Minerva! Confirmada a eleição de Barbosa Lima!
Começou a festa. Nequinho Azevedo, cheio de cachaça, comemorava. Alguém perguntou lá do fundo:
– O que é o voto de Minerva?
Ninguém respondeu, Nequinho pôs o copo no balcão:
– Um voto maior do que os outros.
– De que tamanho?
– Vale uns 300.
Valia mais. Valia a eleição.
MINAS
Quem conhece Minas sabe : mineiro não vota contra governo.
O primeiro que votou, Tiradentes, perdeu o pescoço. E nunca mais ninguém ousou. Aécio Neves, mineiro, mineiríssimo, dois avós ilustres (Tancredo Neves e Tristão da Cunha), disputou com a gaucha Dilma, que apenas nasceu em Minas; mas saiu da votação tomando chimarrão.
Minas decidiu. Ganhou a eleição. Com o governo. Contra Minas.
DIVIDA  EXTERNA
Dilma acordou da vitória com uma bomba explodindo nas mãos: a divida externa. Em agosto de 2014 o Banco Central informava que a dívida externa bruta totalizava US$ 333,1 bilhões. E atestava que as reservas internacionais totalizam US$ 379,4 bilhões. O Brasil integra o ranking dos 15 países com maior dívida externa, segundo relatório do Banco Mundial.
O economista, professor e três vezes deputado pelo PMDB do Paraná, Helio Duque, adverte que a manipulação marqueteira,  misturando reservas internacionais e dívida externa, para induzir os brasileiros a acreditarem na liquidação do endividamento externo, é criminosa.
Como as “reservas” são maiores do que o montante da dívida externa, alimenta-se a tese mentirosa. Mas é a dívida interna pública que cresce e sustenta a emissão de títulos públicos, para acumular “reservas” e trocar, paralelamente, títulos da dívida externa por papéis da dívida pública do Tesouro, garantindo a ciranda financeira do endividamento brasileiro.
O economista Marco Mendes é didático: “Quando o governo se endivida para comprar dólares, ele ao mesmo tempo aumenta o seu passivo (pelo aumento da dívida interna) e o seu ativo (pela compra de dólares). Significa que a dívida líquida (passivo mais ativo) não se altera”. O custo efetivo da captação de recursos se reflete na “taxa selic”,em torno de 12%”.
“RESERVAS”
Do total das “reservas” de  US$ 379,4 bilhões, dois terços são aplicados em títulos do Tesouro dos EUA, de grande liquidez, com remuneração média de 1,9% ao ano. O custo da diferença de quase R$ 50 bilhões decorre da disparidade entre os 12% pagos para captação de 1,9% recebido como remuneração é bancado pela sociedade. Vale dizer as “reservas” custam caro para o Brasil.
O economista e professor Reinaldo Gonçalves, titular de economia internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro exemplifica:
– “A China e o Japão acumulam reservas para ampliar o poder na economia global e se contrapor aos EUA. O Brasil, até agora, só formou “reservas” para administrar custos altos”.
Hoje a dívida pública interna federal está por volta de R$2,2 trilhões, Quando o PT assumiu,  a divida interna era de R$ 640 bilhões e a dívida externa de R$ 212 bilhões, somando uma dívida real de R$ 852 bilhões. Quase triplicou o endividamento interno nos 12 anos do PT.