'Mulher passa credibilidade', diz empresário de Ponta Grossa, no Paraná.
Joel Wursba quer contratar 15, mas é impedido pela falta de mão de obra.
Empresa de moto-táxi e moto entrega trabalha apenas com motociclistas mulheres, em Ponta Grossa (Foto: Silvia Cordeiro/G1 PR)
Pode não ser um consenso, mas quando se trata de trânsito, as mulheres
deixam transparecer duas virtudes: a paciência e a cautela. Essas foram
algumas das qualidades que fizeram com que o empresário Joel Wursba
apostasse em um negócio diferenciado para Ponta Grossa, na região dos
Campos Gerais do Paraná.
Desde agosto, ele criou uma empresa que trabalha apenas com
motociclistas mulheres para fazer entregas e serviços de moto-táxi.
“Mulher passa mais confiança e credibilidade”, garante.Para ir em frente com a ideia, apostando que as mulheres podem oferecer o diferencial exigido pelo mercado, o empresário tem lidado com uma dificuldade comum na atual economia brasileira: mão de obra. Segundo a Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT), em Ponta Grossa, existem 6.310 mulheres habilitadas a pilotar moto no município. Apesar do número, poucas desejam trabalhar na área de moto entrega.
Atualmente, a empresa conta com duas motogirls, mas pretende chegar a 15 funcionárias. “Antes de começar o negócio, divulguei as vagas na Agência do Trabalhador. Até vieram outras quatro mulheres, mas acabaram desistindo de trabalhar, pois ainda não tínhamos clientela. Agora, o trabalho aumentou e já temos clientes fixos”, comenta.
Há poucos dias, o empresário anunciou as vagas de emprego em outras duas empresas de recrutamento na cidade e espera aumentar o quadro de funcionárias o quanto antes. “Tem dias que fico com dor no coração em não poder atender os clientes por falta de gente para fazer o serviço. Realmente está muito difícil encontrar alguém para trabalhar”, revela o empresário.
“Tem
dias que fico com dor no coração em não poder atender os clientes", diz
o empresário Joel Wursba sobre a falta de mão de obra (Foto: Silvia
Cordeiro/G1 PR)
ExigênciasPara se candidatar a uma vaga na empresa, a mulher precisa possuir habilitação na categoria A e ter a própria moto. Não é necessário ter experiência. “A candidata também precisa do principal, que é gostar de andar de moto”, afirma a motogirl Paloma Gonçalves Silva.
Paloma está na empresa desde que começou. Ela conta que, para trabalhar, paga apenas R$ 5 por período ao dono da empresa. O restante arrecadado nas corridas fica para ela. A motogirl chega a faturar mais que um salário mínimo por mês.
A motogirl Vânia Souza de Freitas, que está no trabalho há pouco mais de uma semana, já conseguiu tirar R$ 70 por dia pelos serviços feitos. “Vale muito a pena. É um trabalho que dá para tirar um bom dinheiro”, revela.
Assim como Wursba, Paloma e Vânia estão em busca de novas colegas de trabalho. “Quando vejo uma mulher de moto na rua, eu paro e entrego um cartãozinho para ela e pergunto se tem interesse em trabalhar. Algumas dizem que vão aparecer, outras não querem”, comenta Paloma. Para Vânia, a falta de profissionais tem uma justificativa. “O principal problema é o medo de encarar o trânsito”.
Paloma Gonçalves Silva deixou de ser auxiliar de
cozinha para trabalhar como motogirl
(Foto: Silvia Cordeiro/G1 PR)
Vida de motogirlcozinha para trabalhar como motogirl
(Foto: Silvia Cordeiro/G1 PR)
A paixão pela moto é o que move a profissão de Paloma e Vânia. “Medo a gente sente, seja de uma fechada no trânsito, de um acidente ou até mesmo de não conseguir encontrar o local da entrega, mas não dá para ficar pensando nisso”, conta Paloma.
Antes de iniciar na profissão, Paloma era auxiliar de cozinha em um restaurante, e Vânia era frentista em um posto de combustíveis. As duas mudaram de carreira porque apostaram na novidade. “Quando decidi aceitar o emprego, as pessoas me perguntavam se não era perigoso. Eu disse e ainda digo que não é, porque mulher é mais cuidadosa no trânsito”, revela Vânia.
Paloma ainda conta que os clientes se sentem mais seguros quando o trabalho é feito por mulher. “Tem cliente que pede para a gente transportar dinheiro e ainda diz que sente dó por estar fazendo esse tipo de serviço, mas é o meu trabalho”, afirma. Para ela, a sociedade ainda vê a profissão como um serviço que é feito só por homem.
Apesar disso, o retorno dos clientes tem sido positivo. “Eles dizem que preferem o trabalho das mulheres porque sabem que o produto vai chegar bem ao destino”, comenta Vânia. “Tem cliente que até pede para gente entrar na casa dele, de tão confiante que se sente com nosso trabalho”, comenta Paloma.
As meninas incentivam o trabalho que, segundo elas, é divertido e e cheio de experiências diferentes todos os dias. “Todo mundo corre risco, independentemente do que faz. Tem que ir na fé e acreditar que não vai acontecer nada demais”, afirma Paloma.
Serviço
As candidatas interessadas nas vagas de emprego podem procurar a sede da empresa, localizada na Rua Júlia Wanderlei, 327, sala 7, no estacionamento do Mercado Municipal de Ponta Grossa. Outros detalhes podem ser obtidos pelo telefone (42) 3025-6625.
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