(Foto: Bruno Carachesti)
Não é
preciso ir longe para encontrar alguém que, em 2014, tenha passado por
alguma situação de violência - ou conhece quem passou. Assalto,
sequestro relâmpago ou mesmo assassinato. À luz do dia, ou na porta do
trabalho, ou na padaria da esquina a duas quadras de casa. As frases
feitas sobre “sensação de desamor” e semelhantes são disparadas a todo o
instante por representantes do Governo do Estado, em uma tentativa vã
de acalmar a população, já que não há ações efetivas e imediatas para
controlar o que já se pode chamar de Insegurança Pública, mas contra
números, não há argumentos.
E dessa vez os dados vêm da ONG mexicana
Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Criminal, que em
pesquisa divulgada esse mês, coloca Belém como a 23ª cidade mais
violenta não do Brasil, mas do planeta, com mais de mil homicídios
registrados na capital paraense, com seus dois milhões de habitantes, só
durante o ano de 2013, subindo três degraus no ranking em relação a
2012.
Só entre os estados brasileiros que figuram
na lista, Belém desponta como a oitava cidade mais insegura e a primeira
da região Norte.Pelo último Anuário Brasileiro de Segurança Pública,
foram 3.187 assassinatos em todo o Estado no ano passado. Pelo Mapa da
Violência 2014, os números de homicídios crescem absurdos 222% entre
2001 e 2011.
Ou seja, para onde se corre atrás de índices
minimamente esperançosos, o cenário é vermelho-sangue, a ponto de a
base oposicionista ao atual Governo dentro da Assembleia Legislativa
bater com frequência na tecla da intervenção federal. “Não entendo o
motivo de o governador não recorrer a isso, embora entenda que essa
parece ser uma prerrogativa dos governos do PSDB em todo o Brasil. Mas o
Paraná furou o cerco, pediu apoio e lá já começou a modernização do
sistema prisional.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin,
também já começa a ceder. As [Unidades Integradas Pro Paz] UIPPs e o
próprio Pro-Paz são alegorias, enfeites. Bonitos no papel, mas na
prática, não têm condições de se exercer por falta de preparo”, dispara
Carlos Bordalo, da bancada petista na AL.O deputado estadual Edmilson
Rodrigues, do PSOL, é o autor de uma CPI que investigará 11 assassinatos
de 5 de novembro na periferia de Belém “Mata-se aqui mais do que nos
confrontos entre Israel e Palestina.
Nos confrontos da Síria. A qualquer hora do
dia, se você ligar para alguém que mora no bairro da Terra Firme ou do
Guamá, vão contar que as viaturas passam a todo o momento ordenando para
que as pessoas fiquem nas suas casas. E isso é normal? Onze mortes em
uma noite é normal? Sermos a 23ª cidade mais violenta do mundo é normal,
sendo que só o Brasil possui mais de 5,7 mil municípios? É
insustentável!”, expõe ele.
Bordalo defende a construção de um projeto a
longo prazo, que inclua, primordialmente, a reocupação de territórios
tomados pela criminalidade. “Quando chamo as Uipps de alegorias é
levando em consideração que essas unidades foram montadas nos bairros
periféricos, e que hoje registram os maiores índices de violência, então
elas fracassaram! Não é chegar e montar, é preciso liberar o
território, primeiramente, da atuação desse crime organizado, mas isso
não foi feito.
Precisaríamos da ampliação do contingente de
Marinha e Exército para começar. A nossa Polícia Militar tem 10% dos
seus 16 mil servidores cedidos para órgãos públicos. São 1,6 policias
que deveriam estar nas ruas, mas estão dentro da AL, dos Tribunais de
Contas e outras instituições. A média nacional é de 5%, mas aqui é de
10%”, lamenta o deputado.
(Diário do Pará)
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