Abreu Sodré estava deixando o governo de São Paulo, em 1970, e o general  Medici articulava a escolha dos novos governadores. Mandou pelos Estados, numa sondagem prévia, o presidente da Arena, Rondon Pacheco, carregando uma pasta cheia de papéis em branco, com aquele ar e aquela gorda palidez de comissário do povo. Uma tarde, Abreu Sodré entrou no Palácio do Planalto para uma conversa com Médici:
– Presidente, sei que o governador será escolhido pelo senhor. Trago-lhe, como colaboração, essa lista dos 15 nomes lembrados em São Paulo.
E começou a ler a lista. Medici o interrompeu:
– Governador. Agradeço-lhe a colaboração. Vou estudar depois.
– Presidente, desejava dizer-lhe apenas uma coisa. Não tenho candidato. Mas, desses 15, há dois nomes que eu não poderia aceitar, porque são adversários e romperam relações comigo: o deputado Herbert Levy, que foi meu secretário de Agricultura e saiu brigado comigo, e o ex-governador Laudo Natel, que me hostiliza desde o primeiro dia de governo.
Sodré voltou para São Paulo e no dia seguinte me dizia, no palácio: –  Sei que nesta cadeira pode não sentar-se quem eu quero. Mas sei também que não se sentará quem eu não quero.
Dias depois, Brasília anunciava o novo governador: Laudo Natel.
LULA
Anos depois, eu voltava ao palácio Bandeirantes. Atrás de uma mesa quadrada e amarela, sentado numa cadeira com cara de trono, o governador Paulo Egídio apontou-me o retrato de Rodrigues Alves, ex-governador de São Paulo e ex-presidente da Republica, bem à sua frente:
– Está ali Rodrigues Alves. A cadeira não é mais a mesma, mas a mesa é. Ele dizia: “Quem tem força não sou eu. É esta cadeira”.
Contei-lhe que anos atrás o governador Abreu Sodré me dissera a mesma coisa: que podia não fazer o sucessor que queria, mas naquela cadeira não se sentaria quem ele não quisesse. Meses depois, estava sentado ali o governador Laudo Natel, adversário e inimigo pessoal de Sodré.
Lula dizia que Dilma podia escolher quem quisesse , “menos um economista neoliberal, gente ligada ao PSDB e ao Aécio”. Deu no Levy.
DILMA
O empresário Ricardo Pessoa, presidente da empreiteira UPC e do “Clube” do cartel das 13 empresas, que o professor Helio Duque chama de “Clube da Roubança”, ainda hoje preso na Policia Federal, confessou :
– “Só tenho um amigo no governo, o Lula”
É por isso que de repente Lula sumiu. Ele está sentindo a batata assando perto dele. As “delações premiadas” continuam, cada dia mais numerosas e mais reveladoras. O Ministério Publico já começou a encaminhar ao Supremo Tribunal Federal, que é o relator da ação, as confissões, denúncias e provas de crimes  de políticos ou onde os políticos são citadas ou denunciados. Um paiol de escândalos. Lula e Dilma já ardem.
O doleiro confessou que Lula e Dilma sabiam de tudo. E é evidente que sabiam. Com tantos milhões de dólares escorrendo por cima e por baixo das mesas e gavetas deles, seria impensável não saberem de nada.
Quando deixou o Governo, Lula saiu pelo mundo, em jatinhos dos empreiteiros, financiado pelos empreiteiros, fingindo que estava fazendo “conferências lá fora” (logo ele que mal e tropegamente fala o  português), mas na verdade fazendo lobby para os empreiteiros, patrões do “Clube”.
GANDULA
Carlos Alberto di Franco, intelectual respeitado, doutor pela Universidade de Navarra, na Espanha, e diretor do IICS (Instituto Internacional de Ciencias Sociais) escandaliza-se com o cinismo deles:
1- “Os pronunciamentos da presidente só podem ter duas explicações : cinismo ou preocupante desligamento da realidade. A presidente não é uma espectadora passiva. O escândalo permeou os mandatos de Lula e estourou com força no atual governo. Dilma foi ministra de Minas e Energia, chefe da Casa Civil e presidente do Conselho da Administração da Petrobrás no governo Lula. Não pode fazer de conta que está em outro planeta. Ela está, queira ou não, no olho do furacão”.
2. – “Dois recentes editoriais do “Estado de S. Paulo” (“Lula e Dilma Sempre Souberam” e Crime de Responsabilidade”) mostram com total clareza o que parcela significativa da sociedade já intuía : Lula e Dilma são responsáveis pelo descalabro da Petrobrás. Diante do esquema de corrupção armado para carrear recursos para o PT e seus aliados, não surpreende que os dois presidentes soubessem o que estava ocorrendo”.
Lula é o presidente do “Clube”. Dilma, a gandula.