Por José Reinaldo Tavares
Se analisarmos friamente os anos em que a
oligarquia dominou o Maranhão, veremos com facilidade que o período de
piores resultados consiste nos anos em que Roseana Sarney foi
governadora. Foi tão ruim que os técnicos da Secretaria de Planejamento
(IMESC) já agora na sua última gestão, chamaram o seu período anterior
que terminou no início de abril de 2002 de “década perdida”. O
secretário de planejamento nesse período era Gastão Vieira, um dos seus
mais chegados amigos. Mas a realidade se impôs…
De fato, se alguém se der ao trabalho de
verificar os números do período, vai dar razão a Gastão. Esse governo
dela sucedeu ao de Edison Lobão e os dois produziram números de
arrepiar. Foi nessa época que os indicadores sociais caminharam
aceleradamente para trás. Principalmente na parte que corresponde ao
governo dela, diga-se de passagem.
Cito algumas marcas desses governos: por
falta de emprego e de oportunidade de trabalho, um milhão de
maranhenses, a grande maioria era de homens, deixaram suas casas e suas
famílias para tentar a sorte em outros estados. Um imenso prejuízo para o
Maranhão, pois esses retirantes eram jovens e formavam uma força de
trabalho formidável. O resultado disso é que a grande maioria nunca mais
voltou. Uns acabaram levando suas famílias, outros formaram as suas
onde se estabeleceram.
Assombroso é constatar que durante esse
intervalo de tempo não faltou apoio do governo federal, pois o senador
José Sarney desfrutava de imenso poder no país. Como explicar então?
Arrisco um palpite: nesse governo,
Roseana extinguira a Secretaria de Agricultura e todos os órgãos
vinculados. Acabou também com o DER, e não havia Secretaria de Meio
Ambiente, de Indústria e Comércio, tampouco de Ciência e Tecnologia. A
produção no campo caiu vertiginosamente e a pobreza aumentou
rapidamente. O rebanho bovino caiu à metade e a aftosa sem controle.
Enquanto isso o governo do estado, inerte, nada fazia para combatê-la. O
gado não podia ser vendido fora do Maranhão e os rebanhos perderam
valor.
Acima de tudo, um fato vergonhoso marcou
sua passagem como chefe do executivo estadual: quando de lá saiu, não
havia ensino médio em 75 por cento dos municípios do Maranhão. Sem
ensino e sem produção, a população mais fragilizada do estado estava
sendo condenada a uma vida de permanente pobreza.
Quando denunciamos isso, foi uma
consternação total, pois a propaganda oficial jamais havia mostrado essa
realidade inacreditável. Roseana, claro, tinha uma boa avaliação
totalmente embasada em uma propaganda que a mostrava cantando e dançando
em um estado que era vendido como estando em uma fase de grande
desenvolvimento.
Mas o rei estava nu, já que na grande
maioria das casas maranhenses não havia banheiro, nem água, muito menos
esgoto canalizado e recolhimento do lixo. Sem assistência técnica, ou
melhor, sem assistência de nenhuma espécie, a pobreza dominou o estado e
fincou os pés com firmeza em nosso território. A terra do presidente
Sarney era a mais pobre do país, com a menor renda per capita, o menor
IDH, a menor escolaridade média do país e a menor expectativa de vida da
população brasileira. O estado era dependente das transferências
federais e estávamos quebrados! Arrecadávamos 68 milhões de reais e
sofríamos um desconto mensal de 50 milhões por mês só em dívidas
passadas. Um absurdo!
Foi um período desastroso para o maranhense.
Quando assumi o governo, recriei a
Secretaria de Agricultura, a assistência técnica e extensão rural e
promovi o combate a aftosa. Com isso, a produção do campo subiu
vertiginosamente, assim com o rebanho voltou a crescer, suplantando os
números anteriores do número de bovinos. Implantei ensino médio em todos
os municípios do estado e a escolaridade média voltou a crescer. Com
outras medidas tomadas, a renda foi multiplicada por quatro, o PIB
dobrou, o estado se equilibrou financeiramente e a arrecadação subiu
rápido para 280 milhões por mês. Os indicadores todos melhoraram muito e
o Maranhão cresceu mais que o Brasil em todos os anos da minha gestão.
Programas para colocar água e esgoto nas casas foram criados e o estado
melhorou todos os indicadores sociais.
Isso continuou no governo de Jackson
Lago. Parecia que o passado iria finalmente ficar para trás. Mas o
poderoso Sarney não se conformava vendo sua filha derrotada e fora do
governo. O ódio e o desejo de vingança levaram a um “golpe de estado
jurídico”, como bem classificou o advogado de Jackson, ex-ministro
Francisco Resek. Dessa forma, Sarney conseguiu o que nenhuma lei previa:
a derrotada Roseana virou governadora e o governador legítimo foi
cassado.
O Maranhão, que vinha bem e se
recuperando, viu tudo se transformar. Avançar no dinheiro público foi a
tônica dali para frente. Colégios foram fechados e a qualidade do ensino
piorou. Os indicadores provindos do Enem, Pisa e Ideb mostraram que o
Maranhão voltou a ser o último em português e matemática. Voltou a ter
uma grande quantidade de escolas municipais e estaduais entre as 10
piores do país. Alunos que concluíam o ensino fundamental em sua grande
maioria não conseguiam interpretar um texto.
A pobreza aumentou e hoje estamos
empatados com o Piauí no último lugar como piores em renda per capita do
país. Quanto ao saneamento básico, 55 por cento das casas não têm água e
só 17 por cento têm banheiro. Esgotamento sanitário nem se fala…
A saúde se move a escândalos, enquanto o
povo não tem acesso a ela e é obrigado a se deslocar em todos os tipos
de veículos para São Luís e Teresina. A violência ultrapassou todos os
parâmetros aceitáveis e os assassinatos viraram rotina. São Luís hoje
tem o terrível título de quinta cidade mais violenta do Brasil. O
presídio de Pedrinhas virou emblema do governo de Roseana. Um emblema
medonho!
Hoje, mais da metade da população
maranhense passa fome e o desrespeito à lei grassa desafiadoramente
entre os que ainda estão no governo. E o que eles dizem? Que tudo está
bem e o Maranhão se desenvolve mais que todas as outras unidades
federativas.
Agora vejam que até o sisudo jornal New
York Times mostra para o mundo o que a família Sarney fez do Maranhão,
consolidando o fato de que não somos exemplo ruim apenas para o Brasil. A
conclusão a que chegam é o nosso melhor augúrio: vaticinam que a saída
de Sarney da política pode mudar o Brasil para melhor.
Fato é que estão indo embora certamente
para não mais voltar ao comando do estado. Mas como se não bastasse tudo
o que já fizeram, com maior desfaçatez tentam criar todos os tipos de
obstáculos para o novo governador, mesmo às vésperas dele assumir o
comando do Maranhão.
Mas acabou. Que nunca mais voltem a mandar no Maranhão!
Daqui a dois dias uma nova página da nossa história começa a ser escrita, renovando as esperanças dos maranhenses. Avante!
Um excelente 2015 a todos!
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