Luciana Lima
iG Brasília
As confusões de discurso já viraram marca registrada da presidente Dilma Rousseff e, no ano eleitoral, quando ela precisou mais deixar os textos de lado e se arriscar mais no improviso, não se fez entender em uma infinidade de momentos.
Dilma já celebrizou a expressão “no que se refere”, à qual sempre recorre para introduzir um assunto. A presidente também já é famosa pelo “porquê” retórico, que sempre lhe permite um tempinho a mais para pensar no que virá em seguida.
Apesar disso, não escapou de se enrolar e provocar situações embaraçosas, incompreensíveis e engraçadas ao longo do ano.
Já na pré-campanha ela deu o tom das sucessivas confusões. Ao participar cerimônia de entrega unidade do programa Minha Casa Minha Vida, em Camaçari, na Bahia, Dilma receitou: “Abacaxi tranca, quiabo flui”, para justificar o nome do complexo de viadutos construído pelo governo de Jaques Wagner em parceria com o governo federal, para melhorar o trânsito, conhecido como Nova Rótula do Abacaxi. A comparação entre o “abacaxi” e o “quiabo” concluiu uma série de escorregões da presidente para falar da obra.
RÓTULA DO ABACAXI…
“Eu tenho certeza que o governador Jaques Wagner, com o apoio do seu secretário da Casa Civil, Rui Costa, deixam um legado para o povo baiano de imensa qualidade”, disse Dilma, ainda com o discurso menos truncado.
“Obras das mais variadas, desde obras de mobilidade urbana, como é a solução aí do largo do abacaxi, da via do abacaxi ali, rótula do abacaxi, que virou, segundo eles, quando eu fui lá inaugurar, a rota, uma rota diferente, um rótula diferente, a rótula do quiabo a rota, a rótula que saía abacaxi tranca, o quiabo flui”, disse a presidente, arrancando gargalhadas dos presentes.
PARA QUE O BODE SOBREVIVA…
Pouco menos de um mês antes, no Ceará, a presidente já havia filosofado sobre a importância dos bodes para o Nordeste ao prometer recursos do Plano Safra para os caprinos.
“Os bodes, eu não lembro qual é o nome, mas teve um prefeito, teve o prefeito de Tejuçuoca e me disse assim: ‘Eu sou o prefeito da região produtora da terra do bode’. Então, é para que o bode sobreviva que nós vamos ter de fazer também um Plano Safra que atenda os bodes que são importantíssimos e fazem parte de toda tradição produtiva de muitas das regiões dos pequenos municípios aqui do estado”, prometeu a presidente durante solenidade de entrega de máquinas e equipamentos.
CONFUNDINDO OS ESTADOS
Em meio às sucessivas viagens para inaugurar obras antes do início da campanha, a presidente continuava se confundindo com os estados. No Pará, pensou estar no Ceará. “Aqui no estado do Ceará. Não, no estado do Pará. Desculpa, gente. É que fui pro Ceará, tá? Ontem eu estava no Ceará. Aqui eu não falei uma coisa. Ah, não, falei sim, né?”, disse a presidente, durante cerimônia de anúncio de investimentos em obras de mobilidade urbana para Belém.
SEGREGANDO O METRÔ…
No mesmo dia, Dilma se enrolou para explicar a importância do metrô para cidade. “Então, continuando, a gente quer que melhore a rapidez, a segurança, então, nós chegamos à seguinte conclusão: vamos dar prioridade a segregar a via de transporte. Segregar via de transportes significa o seguinte: ou você faz metrô, porque o metrô… porque o metrô, segregar é o seguinte, não pode ninguém cruzar rua, ninguém pode cruzar a rua, não pode ter sinal de trânsito, é essa a ideia do metrô. Ele vai por baixo, ou ele vai pela superfície, que é o VLT, que é um veículo leve sobre trilho. Ele vai por cima, ele para de estação em estação, não tem travessia e não tem sinal de transito, essa é a ideia do sistema de trilho”, disse a presidente.
MANGAS BEM DOCES…
Em época de campanha, até garantir o pleno acesso a “mangas bem doces” vira promessa. Neste caso, a presidente se esforçou, em Belém para relacionar as obras de mobilidade urbana com o desfrute das mangueiras carregadas da capital paraense.
“De fato, deve ser muito bom morar numa cidade que de repente você pode chuchar uma árvore e cair uma manga na sua mão. É de fato algo que todo mundo quer, é pegar e ter acesso a uma boa manga. E o que me disseram é que as mangas aqui são excepcionalmente doces”, relacionou.
SE O PAPA DISSE ISSO…
O tema mobilidade urbana ainda fez com que Dilma sugerisse passeios e chopinhos com esposas, maridos, namoradas e namorados. Quando uma pessoa da plateia sugeriu liberdade para passear com a amante, a presidente foi rápida: “Cada um faz o que quer, meu filho”, retrucou. Se o Papa disse isso, quem sou eu para dizer o contrário”, justificou.
PRONATEC PARA ECONOMISTA…
Houve momentos na campanha em que a presidente aplicou a resposta ensaiada para a campanha na hora errada e acabou se metendo em saia justa, para a alegria de seu adversário, o tucano Aécio Neves. No último debate promovido pela TV Globo, Dilma “recomendou” os cursos do Pronatec e do Senai para uma economista desempregada, sorteada entre os eleitores indecisos para fazer pergunta à candidata.
“Eu acho interessante Elizabete, que você olhasse entre os vários cursos oferecidos inclusive pelo Senai, que são cursos para pessoas que tem a possibilidade de conseguir um salário ou um emprego melhor se você não acha colocação. Porque eles tem uma carência imensa de trabalho qualificado no Brasil”, disse Dilma perante a economista.
“Se não se fizer qualificação profissional, o que não se consegue fazer? Não se consegue fechar aquela demanda por trabalho, por mão de obra qualificada com a oferta”, explicou a presidente. “Então, o que é o Pronatec? O Pronatec é para garantir que você tenha um emprego adequado a sua situação”, disse Dilma, falando sério.
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