O desenhista, cinéfilo, jornalista, advogado, tradutor, cronista e poeta paulista Guilherme de Andrade de Almeida (1890-1969), conhecido como o Príncipe dos Poetas Brasileiros, em um simples soneto conta toda uma trajetória de uma vida de luas e de amores.
VIVI, SOFRI, AMEI
Guilherme de Almeida
Vivi. Quando cheguei, trazia os olhos cheios
da saudade de um céu que foi meu mundo antigo.
A vida me fez mau. E os homens por castigo,
odiaram-se. E eu também, porque eram maus, odiei-os.
Sofri. Tudo o que tive – ideais, sonhos, anseios –
naufragou numa pobre lágrima… E, comigo,
mais de um homem chorou, mais de um me disse: “Amigo!”
A dor tornou-nos bons: perdoaram-me, perdoei-os.
Amei: vivi, sofri contigo. Em um segundo
resumimos a vida e, em nosso ninho, o mundo…
No entanto, a ti que amei, que o amor fez incapaz
de ódio – esse mal que é um bem, porque ele só perdoa -,
por mais que eu seja bom, por mais que sejas boa,
nunca te perdoarei, nunca me perdoarás!
(Colaboração enviada por Paulo Peres – Site Poemas & Canções)
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