Pedro do Coutto
Ao exaltar a liberdade total de imprensa em discurso na posse do novo ministro-chefe da Secom, Edinho Silva, a presidente Dilma Rousseff não só marcou pontos políticos importantes à sua imagem, como também iniciou claramente um forte processo de afastamento das alas mais pesadas do PT, que defendem a regulação da mídia. Tipo disfarçado de censura, o que une o radicalismo partidário à participação da legenda no processo de corrupção que abalou a Petrobrás com reflexos na economia do país. A presidente da República, assim agindo, aprofundou uma cisão que funcionava nas sombras dos bastidores, trazendo-a à superfície e dessa forma a expondo aos olhares e à percepção dos analistas políticos.
Afinal de contas, quem deseja obstruir, por algum meio, as ações do jornalismo? Claro que são aqueles direta ou indiretamente envolvidos no mar de corrupção descoberto na Petrobrás. Não quero com isso dizer que outros setores devam estar imunes às investigações. Somente destacar que o volume registrado na estatal foi, como disse o professor Roberto Da Matta, em artigo no Globo de quarta-feira, o maior até hoje na história do Brasil.
Pessoalmente acredito até que vá se tornar insuperável através dos tempos, tais e tantas foram as suas dimensões e encadeamentos nacionais com etapas marcadas no sistema bancário internacional.
OCULTANDO OS CRIMES
Quem tem medo da verdade? Os que sabem muito bem o que cometeram. Assim, empenham-se (empenhavam-se) nos bastidores do palco em ocultar suas ações criminosas. Projetaram mal seu propósito. Claro. Mas este é outro caso. Evidente que um projeto de censura para obstruir o processo não poderia alcançar êxito. Os ladrões, porém, não pensavam assim.
Como sustento sempre, não basta ver o fato. É indispensável ver-se no fato. No ato em que garantiu a todos os brasileiros o direito ao protesto, Dilma Rousseff atingiu duramente os que tentam o contrário. Deram-se mal.
Não só pela derrota de suas posições, mas também porque foram expostos a uma reação extremamente oportuna da presidente da República. E tal reação abriu nitidamente uma dissidência no Partido dos Trabalhadores, que, se já estava latente em função dos acontecimentos, a partir de agora tornou-se evidente.
FALSOS AMIGOS
Os que divergem do governo, na verdade, são falsos aliados, prejudiciais ao extremo, como são os falsos amigos, sentiram-se imobilizados pela resposta a eles endereçada. Não se deve reduzir a importância da mensagem. Pois ela vai além do que aparenta. Torna-se uma manifestação de que, pelo menos a partir de agora, o Palácio do Planalto vai se mobilizar mais no sentido da condenação dos corruptos e corruptores que assaltaram o país como se tornassem uma horda de vândalos e mercenários.
A presidente da República finalmente percebeu que sua estabilidade depende em grande parte da separação contida em seu discurso, nas suas palavras, nas suas expressões. Mantendo a convivência que antecedeu o final do primeiro trimestre, Dilma Rousseff corria sério risco de não conseguir atravessar a tempestade, percurso agravado com as contradições provocadas por erros sucessivos do ministro Joaquim Levy. Neste momento, efetivamente, inicia ela uma nova fase em seu mandato, começando por livrar-se daqueles que embolsaram fortunas em nome do poder e do Planalto. O destino do país não pode condicionar-se à ação de poderosos e rematados ladrões. Não tem cabimento.
O Brasil merece e aguarda um futuro melhor. O destino dos ladrões é a condenação pela Justiça e a cadeia como moradia.
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