quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Emoção marca velório de cobrador morto a tiros

Emoção marca velório de cobrador morto a tiros (Foto: Daniel Costa)
Velório de Nedson Aleixo Lobo, 25 anos, foi marcado ontem pela dor e tristeza de familiares e colegas de trabalho (Foto: Daniel Costa)
Ainda inconformada, a noiva de Nedson Aleixo Lobo, 25 anos, teve que ser amparada por familiares durante o velório que aconteceu na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (Sintram), no bairro Guajará I, em Ananindeua. Ela iria se casar com ele em novembro, já que o jovem iria deixar de ser rodoviário e se tornar concursado público da Prefeitura de Curuçá, município onde ambos iriam morar. A vida dele foi interrompida anteontem à tarde, após levar quatro tiros na cabeça, assim que finalizou mais um dia de serviço. Foi morto na frente da casa onde morava, no Conjunto Guajará I, em Ananindeua. A residência dele ficava próxima do final da linha do ônibus Guajará-São Brás, em que ele trabalhava. O caso será investigado pela Divisão de Homicídios. 
Amigos de trabalho ainda estavam abalados com o crime. Afonso Santos, motorista da linha Guajará Ver-o-Peso foi uma das últimas pessoas a falar com o colega. Ele contou que Lobo se dirigiu à empresa para fazer a prestação de contas do dia trabalhado, por volta das 14h30 de segunda-feira (28). Na volta, a vítima subiu no coletivo dirigido por Afonso, que já ia para o final da linha, próxima a rua em que Lobo morava com a família. 
“Ele até brincou e chamou outro colega nosso para comer um peixe na casa dele. Encostei o carro no final da linha e ele desceu na direção da casa dele. Menos de três minutos depois um rapaz numa moto veio e disse que um companheiro nosso tinha sido baleado”, contou Afonso.
Segundo ele, o colega não tinha envolvimento com crimes e nem inimigos. “Ele era um homem bom, responsável no que fazia. Em nenhum momento o vimos sendo ameaçado de morte”, falou. Outro colega também lamentou a morte de Nedson. “Fomos contratados quase na mesma época, há dois anos. Nunca o vi ‘enrolado’ com coisa errada. A diversão dele era com a gente, todos eram muito amigos”, disse Max Leandro, rodoviário. 
“Ele era cobrador da linha das 5h30, mas chegava às 4h, porque gostava de chegar cedo para arrumar o veículo, as gavetas. Ele era muito organizado”, lembrou o também rodoviário Wanilson Vulcão. 
Os colegas fizeram questão de enfatizar que a vítima iria iniciar uma nova vida. Lobo havia passado no concurso público para agente de portaria da Prefeitura de Curuçá, município onde nasceu. 
A partir daí decidiu casar e a festa já estava marcada para o dia 23 de novembro. Lobo também fazia parte da comissão técnica do Guajará Futebol Clube, time dos rodoviários de Ananindeua. No velório, os colegas prestaram uma homenagem com o banner do time. “A vida dele não vai voltar, mas ao menos viemos prestar essa última homenagem”, falou Wanilson.
Para a tia de Nedson Lobo, Atanazira Monteiro, de 52 anos, os sonhos do sobrinho foram interrompidos. “Ele era uma pessoa maravilhosa, ia casar, já estava com planos feitos, mas acabou aqui”, disse ela, abalada. 
SEPULTAMENTO
O corpo de Nedson Aleixo Lobo será sepultado no cemitério São Marçal, em Araquaim, na zona rural do município de Curuçá.
(Emily Beckman/Diário do Pará)

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