sexta-feira, 14 de julho de 2017

Se você estivesse no lugar de Temer, confiaria em Rodrigo Maia?


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Charge do Kacio (kacio.art.br)
Carlos Newton
A confusão é geral na Praça dos Três Poderes, que virou uma espécie de feira-livre, com deputados vendendo votos por trinta dinheiros, a desmoralização é completa, está valendo tudo para manter Michel Temer no governo. Por isso, não houve novidade no resultado da votação do parecer do deputado Sérgio Zveiter na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Já era esperada a derrota do pedido para processar Temer por corrupção passiva.
NOVA ESTRATÉGIA – A grande surpresa veio no início da noite, quando o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou a mudança da estratégia. Na empolgação pela vitória por suposta larga margem (40 votos a 25), o Planalto meteu o pé no freio e decidiu não mais acelerar a votação em plenário.
Realmente, ninguém esperava por isso.  Pelo contrário, o intenso troca-troca patrocinado na Comissão mostrava que Temer terá dificuldade para conter a rebelião de sua base. Por isso, havia informações de que governo pretendia realizar a votação em plenário até segunda-feira (dia 17), antes do recesso parlamentar, que vai começar no dia seguinte.
MUDOU TUDO – De repente, essa avaliação passou a não estar mais valendo, Jucá anunciou que não é mais preciso ter pressa para votar a denúncia contra Temer, porque caberá à oposição conseguir o quórum mínimo para a votação (342 deputados presentes). “Pode ser que até 31 de dezembro de 2018, se eles conseguirem, a gente bota para votar. Se não, vão processar o próximo presidente“, ironizou Jucá.
Há algo estranho nessa declaração, até porque a vitória na Comissão não foi tão significativa como parece. Foram 40 votos contra o parecer do relator Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) e 25 a favor. No entanto, como o governo teve de substituir 20 integrantes da CCJ, a contagem significa que, em condições normais de temperatura e pressão, o resultado teria sido de 45 votos a favor de abrir o processo no Supremo, com apenas 20 votos contra.
Diante dessa realidade aritmética, por que houve essa mudança tão brusca de perspectivas. O que teria realmente mudado, de uma hora para outra, a ponto de o Planalto alterar de forma radical sua estratégia?
TUDO MUITO CONFUSO – Está difícil encontrar uma explicação para esse fenômeno jurídico. Como aceitar a viabilidade dessa nova estratégia, se a cúpula do Planalto há duas semanas vinha se dedicando a fazer contas e avaliar as tendências de cada um dos 513 deputados, sem em momento algum ter conseguido chegar a uma perspectiva satisfatória.
Além disso, o problema do Planalto vinha se agravando em função do posicionamento de Rodrigo Maia, que claramente está costeando o alambrado, de olho na Presidência, como diria Brizola.
Será que o presidente da Câmara decidiu jogar a toalha e se reintegrar à cúpula do Planalto? Não parece provável, até porque ele imediatamente marcou a votação em plenário para o dia 2 de agosto, quando poderia ter postergado. E agosto é conhecido como mês do cachorro louco no calendário político brasileiro.
FUNARO E CUNHA – O tempo conspira contra Temer e favorece Maia, principal interessado na abertura do processo que provocará o imediato afastamento de Temer por 180 dias. Já começou a ser divulgado o novo depoimento do doleiro Lúcio Funaro, que delatou Geddel e diz ter documentos sobre a entrega de malas de dinheiro ao ex-ministro e amigo de Temer. Além disso, o ex-deputado Eduardo Cunha também quer fazer delação, está se oferecendo à Lava Jato para destruir o que ainda resta do atual presidente.
Com tantas acusações e tantas más companhias, a situação de Temer só tende a se agravar. Em tradução simultânea, pode-se dizer que hoje ele depende diretamente de Rodrigo Maia, que a qualquer momento pode aceitar um dos 19 pedidos de impeachment já apresentados. Aliás, na forma da lei, Maia já deveria até ter aceitado algum deles.
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PS –
 E fica no ar a pergunta que é preciso responder: Se você estivesse no lugar de Temer, confiaria em Rodrigo Maia(C.N.)

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