Pedro do Coutto
As edições de ontem de O Globo online e de O Estado de São Paulo destacaram nesta sexta-feira que, finalmente, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa vai se inscrever no Partido Socialista Brasileiro, habilitando-se assim como pré-candidato às eleições presidenciais de outubro.
No Estado de São Paulo, a reportagem é de Pedro Venceslau, informando que Joaquim Barbosa e o presidente do partido, Carlos Siqueira, encontraram-se essa semana em Brasília e acertaram a inscrição. O encontro foi durante um café da manhã numa padaria da capital frequentada por Joaquim Barbosa. O país recebeu a notícia com a sensação de ter surgido uma opção firme para as urnas de 7 e 28 de outubro. Esta é minha impressão.
SERÁ BEM VOTADO – O lançamento de Barbosa preenche o vazio que as candidaturas vinham apresentando, exceto quanto ao ex-presidente Lula e ao deputado Jair Bolsonaro. Mas petista Lula, ao que tudo indica, será inelegível, portanto excluído do panorama que culmina com o voto popular.
Jair Bolsonaro, que ocupa o segundo lugar nas pesquisas do Ibope e Datafolha, é representativo da extrema direita e portanto ocupa um espaço ideológico limitado. Não se pode negar, entretanto, não seja ele um candidato representativo de correntes de opinião que lhe dão destaque.
Mas Michel Temer, Geraldo Alckmin, Alvaro Dias, entre outros, não entusiasmam de forma significativa as eleitoras e eleitores. Tem pouca repercussão. Michel Temer, com uma desaprovação superior a 90%, incluindo quem o acha “regular”, não pode causar entusiasmo positivo na disposição da opinião pública. Mas Joaquim Barbosa pode, sim.
ANTICORRUPÇÃO – Sua imagem é essencialmente de anticorrupção, como comprovou quando de sua presença no Supremo Tribunal Federal nos julgamentos dos crimes do Mensalão. Na minha opinião, o combate a corrupção é o principal fator capaz de mobilizar a sociedade para que compareça às urnas e vote nas eleições de outubro.
Agora essa é a essência da candidatura de Joaquim Barbosa, porém seu crescimento na campanha dependerá dele próprio e de suas aparições nos horários da televisão e nos contatos com os jornalistas de modo geral. Sua imagem é bastante positiva, o resto de seu desempenho dependerá de si próprio.
OUTROS TEMAS – Depois do combate a corrupção, os temas principais se referem ao desemprego, à saúde pública e à segurança pública. No Rio de Janeiro a insegurança precisa finalmente ser enfrentada de maneira intensa, mas dentro das leis que regem o regime democrático. É preciso colocar-se a ordem contra a desordem. Citei o Rio de Janeiro, mas a segurança e a saúde são temas nacionais, que se destacam ao lado da corrupção sistemática.
A sociedade brasileira está buscando encontrar sua representatividade no governo. E, claro, não será no governo Michel Temer, cuja situação agravou-se ainda mais com as ações da Polícia Federal nas prisões de José Yunes e João Batista de Lima.
Ao invés de acrescentar votos, isso sim, Michel Temer os retira daqueles que vier apoiar, caso típico do ministro Henrique Meirelles. Com a entrada de Joaquim Barbosa no palco, altera-se sensivelmente o quadro político eleitoral.
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