Pedro do Coutto
É incrível! Se tal medida for adotada, os funcionários federais, entre eles os ministros do Supremo e os magistrados, na realidade terão seus vencimentos reduzidos, pois ninguém acredita que a inflação seja menor de 1%. A meu ver, trata-se de arrocho salarial claro e direto. A reportagem de Ribamar Oliveira e Edna Simão foi publicada na edição de ontem do Valor. A estimativa é que os reajustes anuais ficarão cristalizados nessa base.
O assunto foi revelado pela Secretaria de Previdência e Trabalho ao responder a requerimentos de informação apresentados pelos deputados Tadeu Alencar e Marcelo Moraes.
E OS MILITARES? – A resposta assinala que os próximos itens do projeto de reajuste, no que se refere às Forças Armadas, estarão incluídos na proposta do Ministério da Defesa.
Acredito que o reajuste anual de 1% deve desencadear uma onda contrária e, sem a menor dúvida, causará uma diminuição real nos vencimentos do funcionalismo público em geral. Inclusive, como assinalei há pouco, as ondas de protesto vão contar com o apoio da Magistratura Federal. Se a inflação permanecer em 4% ao ano, em 10 anos a diminuição será de 40%, sem calcular os montantes. O governo assim tropeça na realidade.
ESTATAIS LUCRATIVAS – Enquanto isso o Valor, também ontem, publicou reportagem de Fábio Pupo destacando o desempenho das empresas estatais no exercício de 2018. Passaram a dar lucro, o que revela uma face diferente das exposições feitas até agora pela equipe econômica do Ministro Paulo Guedes. A Petrobrás apresentou lucro de 26,4 bilhões de reais. A Eletrobrás aparece na segunda colocação com lucro de 11,1 bilhões de reais. Em seguida vem o Banco do Brasil com 10 bilhões.
Portanto, usar como argumento para privatização desempenhos financeiros não apresenta um ponto lógico de base para o raciocínio. Ao contrário, Fabio Pupo acentua que as estatais federais lucraram 132% acima do resultado de 2010.
MAIS DEMISSÕES – Além disso, o Valor acrescenta que as empresas estatais já cortaram 60 mil pessoas de suas folhas e estão preparando mais programas de demissão voluntária. O Valor publica a evolução dos quadros das estatais a partir de 2006. O governo assegura que não haverá mais contratações, como se tal atitude estivesse numa tempestade econômica e financeira.
E onde está o plano social? Mais demissões equivalem a menor consumo e menor receita para o INSS. E na verdade somente o crescimento dos salários pode sustentar o consumo e com isso, tocar para frente o desenvolvimento do país. A regra é clara.
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