terça-feira, 1 de setembro de 2020

Crivella paga a ‘Guardiões’ salários mais altos do que a servidores da Saúde

 

 

Funcionário (camisa azul) contratado pela prefeitura do Rio no esquema dos Guardiões do Crivella
Funcionário (camisa azul) contratado pela prefeitura do Rio no esquema dos Guardiões do Crivella Foto: Reprodução / TV Globo
Celia Costa
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Para quem enfrenta as agruras do dia a dia da saúde pública na cidade do Rio de Janeiro a revelação de que o prefeito Marcelo Crivella paga salários mais altos a integrantes do grupo “Guardiões do Crivellla” do que a profissionais foi motivo de revolta. O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Alexandre Telles, disse que a atitude de Crivella fere os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Informações divulgadas pela "RJ2", da TV Globo, mostram a ação de pessoas ocupando cargos comissionados de plantão na porta de hospitais para impedir o trabalho da imprensa e dificultar denúncias e reclamações por parte dos cidadãos.

— Um médico tem salário inicial de R$ 3,5 mil, já com insalubridade. No grupo de pessoas escalados para intimidar usuários de impedir o trabalho da imprensa, tem gente que ganha mais que isso. Há outras categorias da saúde que ganham muito menos — disse Telles.

O presidente do Sindicato os Médicos ressaltou ainda que impedir o trabalho da imprensa e a opinião dos usuários fere todas diretrizes do SUS.

— O SUS foi concebido contemplando a participação popular e garante o direito de o usuário ter espaço para denunciar e avaliar o serviço. Essa situação é absurda. Tem gente no grupo que ganha cerca de R$ 10 mil, enquanto médicos e outros funcionários já sofreram com atrasos de salários, e muitos foram dispensados sem receber a rescisão — reclamou o médico.

O vereador Paulo Pinheiro (PSOL), integrante da Comissão de Saúde da Câmara, disse que os integrantes do grupo ocupam cargos comissionados, lotados no gabinete do prefeito:

— Isso é um absurdo. Um trabalho de desinformação ao impedir que o usuário possa falar e ainda impede o trabalho da imprensa. Isso é terrorismo de Estado — analisou o parlamentar.

Em nota, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Walter Palis, condenou a ação de Crivella:

"O Cremerj discorda de qualquer atitude que tente deturpar ou ocultar a verdade. A saúde pública na cidade do Rio de Janeiro deve receber toda a atenção necessária para fornecer um atendimento de qualidade para a nossa população, bem como um ambiente de trabalho propício para médicos e demais profissionais de saúde para que todos os objetivos sejam cumpridos", diz a nota.

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