O MDB tem bons motivos para reivindicar uma candidatura ao governo do estado na chapa de situação. O partido acaba de conquistar, depois de 32 anos, a maior prefeitura do Piauí.
Além do mais, o PT já exerce o governo estadual há 14 anos, sempre contando com apoio determinante dos emedebistas. Nesta semana, o senador Marcelo Castro disse que seu partido ajudou a eleger Wellington Dias mesmo quando tinha candidato.
Os principais nomes do MDB são de velhas raposas políticas
Em 2002, os emedebistas apresentaram a candidatura do professor Jônathas Nunes, um dos melhores quadros da agremiação e que foi reitor da Uespi (Universidade Estadual do Piauí) durante o governo de Francisco Moraes Sousa, o Mão Santa (1995/2001). No entanto, a maioria acompanhou a candidatura de Wellington Dias contra o então governador Hugo Napoleão.
Agora, está na hora de devolver o apoio recebido ao longo de todo esse tempo. O MDB tem alguns nomes que poderá apresentar para uma futura candidatura – e, claro, composição com o PT.
O próprio senador Marcelo Castro é um deles. Mas é pouco provável que ele tenha iniciativa e autonomia política para peitar a vontade do governador.
O presidente da Assembleia, deputado Themístocles Filho, também pode ser uma alternativa. Ele já enfrentou com sucesso o poderio do cacique petista.
Em 2015, Themístocles venceu o candidato do governador à presidência da Assembleia, deputado Fábio Novo (PT), com margem considerável e depois de vitória do petista decantada antes do tempo. Alguns dias antes Fábio Novo disse a uma emissora de rádio da capital que era preciso abrir a “caixa preta” da Alepi.
Os deputados, conforme demonstrado na apuração, se sentiram incomodados com a afirmação. Themístocles defende o diálogo com o PT – mas não descarta a possibilidade de ser o candidato a governador, ainda mais agora que está, pessoalmente, fortalecido.
Ajudou de forma determinante a eleger o prefeito de Teresina, elegeu a mulher, Ivanária Sampaio, prefeita de Esperantina, sua cidade natal, e tem o filho Marco Aurélio, como deputado federal pelo seu partido.
A propósito, cumpre ressaltar que, entre os nomes já colocados, ele é o único que nunca deixou o partido nem por um instante, desde que pela primeira vez se elegeu vereador em Teresina, em 1982.
Marcelo Castro já esteve no antigo PDS (Partido Democrático Social) quando deputado estadual entre 1991/1994. Depois voltaria ao MDB – à época PMDB, já no governo de Mão Santa.
O terceiro nome seria o do próprio prefeito eleito Dr. Pessoa, que alimenta o sonho de ser governador. Ele disputou eleição para o cargo em 2018 quando obteve cerca de 20% dos votos.
O barulho em torno de sua candidatura era maior do que a perspectiva da votação. De todo modo, se notabilizou para uma segunda (e vitoriosa) disputa à prefeitura da capital (ao qual já havia concorrido em 2016).
O prefeito eleito não fala sobre o assunto. Difícil que se manifeste agora. Ele insiste silenciar até mesmo diante das demandas da cidade – e foge de entrevistas como quem foge de perseguidores implacáveis. Como se a função para a qual foi eleito admitisse o silêncio – e o próprio exercício da atividade política fosse nessa direção.
O que se sabe é que disputou a prefeitura da capital por uma espécie de vingança contra o prefeito Firmino Filho (PSDB). Em 1° de janeiro de 2013 apresentou seu nome como candidato a presidente da Câmara Municipal. O eleito foi Rodrigo Martins, do PSB, sobrinho do governador e já aliado ao prefeito.
Com apenas um voto na disputa, que posteriormente classificaria como voto de protesto ao que denominou de “blocão”, ele disse numa entrevista que Firmino o tinha impedido de ser presidente do Legislativo, no entanto, dali por diante, envidaria todos os esforços para ser prefeito de Teresina. Conseguiu.
O que se busca saber agora é se tem determinação para, de fato, assumir o cargo, ou se pretende fazer dele apenas uma espécie de escada para um passo mais amplo, que seria o governo do estado. (Toni Rodrigues)
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