Foto: arquivo pessoal
Criança aparentava não ser bem cuidada
Um pedido de comida que, na verdade, seria um pedido de socorro. Assim, o Conselho Tutelar passou a acompanhar o caso de um garoto de aproximadamente 6 anos de idade que foi resgatado ao pedir comida em um posto de combustíveis em Teresina. O resgate foi feito pela empresária Samanta Dourado no último dia 17 que percebeu que havia algo estranho pela forma intimidadora como um jovem- que se apresentou como pai- olhava para a criança. Uma das suspeitas é que ele teria sido raptado e orientado a mentir sobre o verdadeiro nome.
"Eu estava rebocando o carro de uma amiga quando a corda rompeu e um homem parou para falar comigo, mas não dei muita importância. Depois a criança bateu no vidro do meu carro e disse: tia, eu tô com muita fome, se a senhora quiser me dar comida, eu aceito. Enquanto isso, a pessoa que se apresentou como pai olhava de forma intimidadora para o garoto e disse que se fosse só para ajudar a criança não precisava", relata a empresária.
Samanta- que é mãe de uma menina- conta que a situação da criança a comoveu muito. Segunda ela, o garoto tinha sinais de que não era bem cuidado, os dentes escuros, estava sujo com a roupa amarrada com sacolas e os pés cheio de calos.
Foto: arquivo pessoal
Suposto padrasto na kitnet aluga pela empresária. Antes, ele e a crinaça moravam na rua
"Fiquei muito comovida com aquela situação e também desconfiada porque ele não parecia ser o pai. Para não perder a criança de vista, coloquei eles em uma pousada e depois aluguei uma kitnet. Consegui fogão, botijão e geladeira. Visitei e passei dois dias sem ir. Quando apareci, ele já tinha vendido o botijão para sustentar o vício. A criança foi correndo atrás de mim machucada. Aí acionei o Conselho Tutelar que veio com a polícia", conta a empresária.
Diante da situação, Samanta assumiu um termo de responsabilidade e ficou dois dias com o garoto. Nesse domingo (28), o menino foi levado para um abrigo de Teresina e continua sendo visitado por Samanta.
Com a repercussão do caso, um homem- que se apresentou como verdadeiro pai da criança- procurou a empresária. Na versão dele não vê a criança há cerca de seis anos e a mãe do menino seria cigana.
"Ele conta que não vê o filho, praticamente, desde quando nasceu porque a mãe sumiu com o menino. Ele conta que a mãe é cigana e se juntou com essa pessoa que estava com a criança e também é cigano. Passado um tempo, os dois se desentenderam e ele saiu no mundo com o menino. Pelo que ele disse, essa pessoa que estava com o garoto é o padrasto que teria raptado o menino, mas a mãe nunca foi atrás. Ela teria registrado BO porque perdeu os documentos, mas não pelo sumiço do filho. Eles seriam do Rio de Janeiro", relata a empresária.
A história do garotinho comoveu as redes sociais e motivou uma vaquinha virtual.
"Essa pessoa que se apresentou como pai está vindo para Teresina. Fiz essa vaquinha para ajudar a criança e também custear o teste de DNA para confirmar se o menino é realmente dele. Se ele não for ou se for e não quiser ficar com ele, eu me prontifico a adotar. Há 12 dias estou vivendo intensamente essa história e só quero que essa criança pare de sofrer. Vou até o fim", conta Samanta Dourada. O suposto padrasto não foi preso, mas é investigado.
Foto: arquivo pessoal
Garoto após ser resgatado pela empresária que deu banho e roupas limpas. "Ele dissse que tinha o sonho de comer hamburguer e levei ele ao shopping", conta a empresária
Criança será ouvida
O Cidadeverde.com entrou em contato com o conselheiro tutelar Melquesedeque Fernandes que acompanha o caso. Ele conta que o órgão foi acionado no último dia 24 e relata a situação em que a criança foi encontrada.
"Recebemos a denúncia de que a criância estaria sendo usada na prática da mendicância e sob os cuidados de uma pessoa sem vínculo de parentesco. Fomos até a essa kitnet, com reforço policial, e flagramos essa pessoa usando drogas no mesmo ambiente em que a criança se encontrava. Uma grave violação dos direitos", explica o conselheiro.
Ele acrescenta que o caso já foi comunicado à Polícia Civil, Ministério Público e Vara da Infância e Juventude.
"O garoto está em um abrigo e sendo acompanhado por toda rede de proteção. Ele será ouvido pelos psicológos para evitar revitimização. As versões de quem seria o pai, a mãe e a pessoa que estava com ele e suas responsabilidades serão apuradas pelaa autoridades competentes", disse Melquesedeque Fernandes.
Graciane Sousa
cidadeverde
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