Andréia Sadi
G1
Desde antes do anúncio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, de que ele vai se aposentar em julho, a decisão do presidente Jair Bolsonaro sobre quem será o substituto está em discussão nos bastidores do governo, do Congresso e do Judiciário. Nesta semana, as conversas se intensificaram, e as campanhas pela vaga também.
Segundo ministros do governo ouvidos pelo blog, o presidente Bolsonaro quer um ministro “leal, fiel”, uma espécie de “cão de guarda” no STF.
CRÍTICAS – Bolsonaro reclama de decisões de ministros do STF desde antes da pandemia — como impedimento para a nomeação de Alexandre Ramagem, para a Polícia Federal, por exemplo —, mas turbinou as críticas durante a crise da Covid, quando passou a usar a narrativa de que não pode tomar medidas sanitárias por decisão do STF, o que não é verdade.
Bolsonaro já conta com o ministro Kassio Nunes Marques, sua indicação, como aliado na Corte. E vê na segunda vaga uma chance de reforçar o seu “grupo” na STF. Por isso, ministros do governo afirmam que ele não pode “errar” na escolha.
PROVAS DE LEALDADE – André Mendonça, que deixou o Ministério da Justiça e voltou para a Advocacia-Geral da União, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, buscam a vaga, segundo interlocutores presidenciais, e têm dado demonstrações de lealdade ao presidente em decisões nas suas respectivas funções. Mendonça, como ministro da Justiça, agradou ao presidente, assim como Aras na procuradoria.
Segundo o blog apurou, Bolsonaro gosta de Aras e o considera leal, mas tem compromisso com a bancada evangélica, a quem prometeu indicar um ministro “terrivelmente evangélico’’ para a vaga. Ocorre que o Planalto foi informado por ministros do STF e também parlamentares de diversos partidos, como os do Centrão, de que a preferência do Legislativo seria por Aras, não por Mendonça. O procurador, no entanto, não é evangélico.
APOSENTADORIA – Fontes ouvidas pelo blog afirmam que, com o anúncio da aposentadoria de Marco Aurélio, o presidente poderia anunciar logo sua escolha para evitar desgastes para o indicado — e também para aliados que serão preteridos.
O governo não quer problemas com Aras, por exemplo, e, se ele não for escolhido agora, Bolsonaro pode indicá-lo para uma terceira vaga, se o presidente vencer a eleição de 2022.
Além desses nomes, assessores presidenciais não descartam uma escolha fora do radar, como aconteceu com a nomeação de Kassio Nunes. Mas, neste caso, se isso ocorrer, o presidente terá de lidar com o desgaste junto a líderes evangélicos, grande parte de sua base de apoio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário