sexta-feira, 2 de abril de 2021

“Terrivelmente evangélico” e sobretudo fiel: Mendonça e Aras intensificam acenos a Bolsonaro de olho no STF

 

 

Campanhas pela cadeira do ministro Marco Aurélio se acirram

Andréia Sadi
G1

Desde antes do anúncio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, de que ele vai se aposentar em julho, a decisão do presidente Jair Bolsonaro sobre quem será o substituto está em discussão nos bastidores do governo, do Congresso e do Judiciário. Nesta semana, as conversas se intensificaram, e as campanhas pela vaga também.

Segundo ministros do governo ouvidos pelo blog, o presidente Bolsonaro quer um ministro “leal, fiel”, uma espécie de “cão de guarda” no STF.

CRÍTICAS – Bolsonaro reclama de decisões de ministros do STF desde antes da pandemia — como impedimento para a nomeação de Alexandre Ramagem, para a Polícia Federal, por exemplo —, mas turbinou as críticas durante a crise da Covid, quando passou a usar a narrativa de que não pode tomar medidas sanitárias por decisão do STF, o que não é verdade.

Bolsonaro já conta com o ministro Kassio Nunes Marques, sua indicação, como aliado na Corte. E vê na segunda vaga uma chance de reforçar o seu “grupo” na STF. Por isso, ministros do governo afirmam que ele não pode “errar” na escolha.

PROVAS DE LEALDADE – André Mendonça, que deixou o Ministério da Justiça e voltou para a Advocacia-Geral da União, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, buscam a vaga, segundo interlocutores presidenciais, e têm dado demonstrações de lealdade ao presidente em decisões nas suas respectivas funções. Mendonça, como ministro da Justiça, agradou ao presidente, assim como Aras na procuradoria.

Segundo o blog apurou, Bolsonaro gosta de Aras e o considera leal, mas tem compromisso com a bancada evangélica, a quem prometeu indicar um ministro “terrivelmente evangélico’’ para a vaga. Ocorre que o Planalto foi informado por ministros do STF e também parlamentares de diversos partidos, como os do Centrão, de que a preferência do Legislativo seria por Aras, não por Mendonça. O procurador, no entanto, não é evangélico.

APOSENTADORIA – Fontes ouvidas pelo blog afirmam que, com o anúncio da aposentadoria de Marco Aurélio, o presidente poderia anunciar logo sua escolha para evitar desgastes para o indicado — e também para aliados que serão preteridos.

O governo não quer problemas com Aras, por exemplo, e, se ele não for escolhido agora, Bolsonaro pode indicá-lo para uma terceira vaga, se o presidente vencer a eleição de 2022.

Além desses nomes, assessores presidenciais não descartam uma escolha fora do radar, como aconteceu com a nomeação de Kassio Nunes. Mas, neste caso, se isso ocorrer, o presidente terá de lidar com o desgaste junto a líderes evangélicos, grande parte de sua base de apoio.

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