terça-feira, 20 de abril de 2021

Vexame anunciado! Bolsonaro assumirá papel de pária diplomático na Cúpula do Clima

 

 

Charge do Mariano (Charge Online)

Deu em O Globo

Um dos 40 líderes mundiais convidados pelo presidente Joe Biden para a Cúpula sobre o Clima desta semana, o presidente Jair Bolsonaro vê no encontro a oportunidade de facilitar o acesso do país ao financiamento americano de projetos de preservação ambiental. Foi o que pediu em carta a Biden.

Mas não caiu no esquecimento que, no início da gestão bolsonarista, em 2019, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez tudo para inviabilizar o Fundo Amazônia, para o qual a Noruega e a Alemanha haviam doado R$ 3,4 bilhões, com a finalidade de apoiar projetos autossustentáveis na região. Optou por “tocar a boiada” do desmonte do sistema de fiscalização e repressão a crimes ambientais do Ibama e do ICMBio.

ZERAR O DESMATAMENTO – Na carta, Bolsonaro assume o compromisso com a meta de zerar o desmatamento ilegal até 2030, o que “exigirá recursos vultosos”. Afirma que, por isso, conta com “todo o apoio possível, tanto da comunidade internacional, quanto de governos, do setor privado, da sociedade civil e de todos que comungam desse nobre objetivo”.

Biden conhece bem o Brasil, tem informações da tragédia ambiental que vem transcorrendo desde que Bolsonaro assumiu.

Na sexta-feira, o czar americano do clima, John Kerry, respondeu à carta pelo Twitter: “Esperamos ações imediatas e engajamento com as populações indígenas e a sociedade civil para que este anúncio possa produzir resultados tangíveis”.

TUDO POR DINHEIRO – Em busca de recursos, Salles tem prometido que, se o Brasil receber de outros países US$ 1 bilhão, o desmatamento na Amazônia seria reduzido entre 30% e 40%. Ninguém acredita. O ministro norueguês do Meio Ambiente, Sveinung Rotevatn, com conhecimento de causa, reiterou que falta ao Brasil “vontade política”.

Bolsonaro participa da reunião como pária diplomático. Estatísticas e imagens de satélite estão aí para demonstrar que seu governo só tem contribuído para ampliar a devastação na Amazônia.

 Se o país não fizer avanços concretos na redução do desmatamento, continuará sem receber apoio financeiro dos Estados Unidos ou de qualquer outro país nessa área. Muito pelo contrário, como já demonstrou o ainda candidato Biden, em debate com o adversário Trump na campanha eleitoral, ao ameaçar o Brasil com sanções pelo descaso ambiental.

PLANO DE MOURÃO – Na quarta-feira, o vice Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia, divulgou o “Plano Amazônia 2021/2022”, com o obtivo de reduzir o desmatamento até o final do ano que vem para a média da destruição registrada entre 2016 e 2020. Tem todas as características de um plano feito sob encomenda para ajudar na participação de Bolsonaro na Cúpula.

Como a carta enviada a Biden, esse plano pouco ajudará a contornar os fatos. O Observatório do Clima fez as contas e concluiu que a meta “apenas” reduz para 16% a taxa de crescimento da devastação na Amazônia em relação ao período anterior ao governo.

Os dados de março de 2020, comparados ao mesmo mês do ano anterior, mostram que a devastação na região na havia crescido 30%, enquanto, no mês passado, em relação a março de 2020, a destruição da floresta avançou 12,6%, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Kerry tem razão. Só fazer promessa de nada adianta.

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