quarta-feira, 1 de setembro de 2021

A tristeza do assum preto, um pássaro lá do sertão, que canta, mas é infeliz

 

 

TRIBUNA DA INTERNET | A estória triste do Assum preto, na composição de  Gonzaga e Humberto Teixeira

Teixeira e Gonzaga, dois gigantes da MPB

Paulo Peres
Poemas & Canções

 

O sanfoneiro, cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga do Nascimento (1912-1989), o popular Rei do Baião, compôs em parceria com o advogado, compositor e poeta cearense Humberto Cavalcanti Teixeira (1915-1979) o baião “Assum Preto” cuja letra se inicia descrevendo, de forma plástica, o cenário: a beleza de uma paisagem bucólica, comum no sertão após as chuvas.

Segundo Ibrantina Guedes Lopes, licenciada em Letras e Música e membro da Associação Brasileira de Educação Musical, esse fato traz alegria, esperança para o sertanejo. No entanto, a beleza do sol de abril e das flores não pode ser apreciada pelo assum preto, e a letra termina com uma comparação e identificação entre o canto do pássaro e o do “eu lírico”. Os dois têm em comum a tristeza. O pássaro não vê em redor. Metaforicamente, o “eu lírico” diz que também é cego, pois roubaram a amada que era a luz dos seus olhos, ou seja, a razão de sua existência. O baião Assum Preto foi gravada, primeiramente, por Luiz Gonzaga, em 1950, pela RCA Victor.

ASSUM PRETO
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira

Tudo em volta é só beleza
Sol de Abril e a mata em flor
Mas Assum Preto, cego dos olhos
Não vendo a luz, ai, canta de dor…
Tarvez por ignorancia
Ou maldade das piores
Furaro os olhos do Assum Preto
Pra ele assim, ai, cantar melhor…
Assum Preto vive solto
Mas não pode voar
Mil vezes a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse olhar…
Assum Preto, o meu cantar
É tão triste como o teu
Também roubaram o meu amor
Que era a luz, ai, dos olhos meus.

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