sábado, 2 de outubro de 2021

Pesquisa comprova que novo remédio da Merck contra Covid reduz risco de morte

 

 

Cápsulas de remédio

Enfim, um remédio eficaz

Deena Beasley
Reuters

O molnupiravir, remédio experimental contra a Covid-19 produzido pelo grupo farmacêutico Merck e ministrado por via oral, reduziu em cerca de 50% a chance de hospitalização ou morte para pacientes em risco de desenvolver formas graves da doença, de acordo com resultados preliminares anunciados nesta sexta-feira (1º).

A Merck (empresa que no Brasil se chama MSD) e sua parceira Ridgeback Biotherapeutics planejam buscar autorização para uso de emergência da pílula nos Estados Unidos o mais rápido possível. Elas também vão submeter pedidos de licença às autoridades regulatórias de outros países.

FIM DOS TESTES – Devido aos resultados positivos, o teste em fase três do remédio está sendo interrompido antes da data prevista, com base em recomendações de monitores externos. “Isso vai mudar o diálogo sobre como administrar a Covid-19”, disse à Reuters Robert Davis, presidente-executivo da Merck.

Se autorizado, o molnupiravir, que foi projetado para introduzir erros no código genético do vírus, seria a primeira medicação oral contra o coronavírus. A notícia fez com que as ações da Merck abrissem em alta na Bolsa de Nova York.

Rivais como a Pfizer e o grupo farmacêutico suíço Roche Holding estão correndo para desenvolver uma pílula antiviral fácil de ministrar para a Covid-19, mas até agora apenas coquetéis de anticorpos —que precisam ser aplicados de forma intravenosa— foram aprovados para o tratamento de pacientes não hospitalizados de Covid.

RESULTADO POSITIVO – Análise preliminar dos 775 pacientes que participaram do estudo da Merck constatou que 14,1% das pessoas que receberam um placebo foram hospitalizadas ou morreram nos 29 dias posteriores ao tratamento. Entre as pessoas que receberam o molnupiravir, 7,3% foram hospitalizadas e nenhuma morreu (contra oito mortes nos pacientes que receberam o placebo).

 “Tratamentos antivirais que possam ser feitos em casa para manter as pessoas portadoras de Covid-19 fora dos hospitais são extremamente necessários”, afirmou Wendy Holman, presidente-executiva da Ridgeback.

Cientistas celebraram o potencial novo tratamento para ajudar a prevenir formas graves da Covid, doença que já matou quase 5 milhões de pessoas em todo o mundo. “A disponibilidade de um medicamento oral efetivo e bem tolerado vai ser particularmente útil ao suplementar a vacinação como meio de reduzir a proporção de pacientes que demandem hospitalização”, afirmou Penny Ward, professora do King’s College de Londres.

POR CINCO DIAS – No teste da Merck, com pacientes de todo o mundo, o molnupiravir foi usado em intervalos de 12 horas por cinco dias.

O estudo envolveu pessoas com Covid-19 entre amena e moderada confirmada em exames de laboratório, que apresentavam sintomas havia no máximo cinco dias. Todos os pacientes tinham pelo menos um fator de risco associado a desfechos negativos para a doença, como obesidade ou idade mais elevada.

A Merck afirmou que o sequenciamento viral feito até agora demonstra que o molnupiravir é efetivo contra todas as variantes do coronavírus, incluindo a delta, altamente transmissível.

EFEITOS COLATERAIS? – A empresa disse que a proporção de efeitos adversos era semelhante para os pacientes que receberam o molnupiravir e aqueles que receberam placebos, mas não ofereceu detalhes sobre os efeitos colaterais.

A Merck afirmou que os dados demonstram que o molnupiravir não causa alterações genéticas em células humanas, mas os homens envolvidos no tratamento tiveram de se abster de relação heterossexual ou concordar em usar contraceptivos.

Mulheres em idade fértil não podiam participar se estivessem grávidas e tinham de usar anticoncepcionais.

MILHÕES DE KITS – A Merck anunciou que espera produzir 10 milhões de pacotes do tratamento até o final de 2021 e promete produção ainda maior no ano que vem.

A companhia tem um contrato com o governo dos Estados Unidos para fornecer 1,7 milhão de pacotes do tratamento de molnupiravir a um preço de US$ 700 por paciente.

Davis disse que a Merck tem contratos semelhantes com outros governos e que está negociando novos acordos. A empresa informou que planeja implementar um sistema de escala de preços baseado em critérios de renda nacional dos países que receberem o remédio.

ACORDO COM A ÍNDIA – A Merck também fechou acordo para licenciar diversos fabricantes de medicamento genéricos da Índia para produzir o remédio. Eles poderiam fornecer o tratamento aos países de renda média e baixa.

O molnupiravir também está em fase três de um teste de prevenção de infecção por coronavírus em pessoas expostas ao vírus. Representantes da Merck disseram que não estava claro quanto tempo duraria a revisão do remédio pela Food and Drug Administration (FDA), agência americana de fiscalização e regulamentação de alimentos e remédios.

“Acredito que eles devam tentar trabalhar com urgência nisso”, disse Dean Li, que comanda os laboratórios de pesquisa da Merck. (Tradução de Paulo Migliacci).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Notícia sensacional. Mais uma grande vitória da Ciência, com um registro: jamais devemos esquecer os que morreram ao participar da pesquisa, por tomarem placebo ao invés do medicamente verdadeiro. São os heróis desconhecidos da Humanidade. (C.N.)

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