Mônica Bergamo
Folha
Livre do total de 25 processos, denúncias e inquéritos já movidos contra ele, Lula ou seus advogados ainda terão que voltar aos tribunais. Nas próximas vezes, porém, eles vão estar no papel de acusadores: o petista já move quatro processos contra desafetos na Justiça.
O primeiro julgamento ocorrerá em breve: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve julgar na próxima semana o processo em que Lula pede R$ 1 milhão por danos morais contra Deltan Dallagnol.
ABUSO DE PODER – Na ação, o petista acusa o ex-procurador de abuso de poder ao imputar a ele práticas de crimes com adjetivações, na famosa entrevista do PowerPoint, em 2016.
Na ocasião, Deltan mostrou uma tela com o nome de Lula ao centro — e, ao redor, como um sistema planetário, esferas com expressões como “governabilidade corrompida”, “José Dirceu”, “mensalão” e “perpetuação criminosa no poder”.
Lula ainda processa o ex-senador Delcídio do Amaral — que, numa delação, afirmou que o ex-presidente participou de um esquema para tentar comprar o silêncio de um diretor da Petrobras acusado de corrupção. Nesta ação, Lula diz que o ex-parlamentar mentiu e pede indenização de R$ 1,5 milhão.
DANOS MORAIS – Em outro processo, o petista pede reparação por danos morais ao delegado da Polícia Federal Filipe Pace. Em uma investigação contra o ex-ministro da Economia Antonio Palocci, o policial afirmou que a palavra “amigo”, encontrada em uma planilha de propinas, se referia ao ex-presidente.
No quarto processo, Lula mira em Eduardo Bolsonaro (União-SP), deputado e filho do presidente Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar publicou nas redes sociais a informação de que a ex-primeira-dama Marisa Letícia tinha R$ 256 milhões em investimentos financeiros. A notícia era falsa.
Lula perdeu em primeira instância, mas recorreu ao STJ — e espera ganhar R$ 131 mil de indenização.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É uma primorosa Piada do Ano, que revela a que ponto de desfaçatez e esculhambação jurídica chegou esse país. Os advogados de Lula, que só conseguiram libertá-lo e livrá-lo dos processos em manobras políticas no Supremo, com decisões que ultrapassaram as chamadas “quatro linhas”, como diria Bolsonaro, estão brincando com a verdade e colocando em risco a “inocência” do ex-presidente. Os advogados esquecem que os desafetos de Lula podem arguir a exceção da verdade, passando de réus a acusadores, com direito de usar as mesmas abundantes provas contra Lula e condená-lo de novo, desta vez sem possibilidade de novas artimanhas do Supremo, porque na vida, mesmo aqui no Brasil, até a impunidade dos políticos precisa ter limites. (C.N.)
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