Pedro do Coutto
Nas últimas 24 horas, as manifestações contra a cruel invasão na Ucrânia, ordenada por Vladimir Putin, reuniram multidões nas ruas das principais cidades do mundo, inclusive Moscou, numa concentração que terminou com duas mil pessoas presas. Paralelamente, restrições econômicas estabelecidas por vários países contra a Rússia provocaram a retirada de aplicações de capital de empresas internacionais em empreendimentos comandados por Moscou.
A resistência ucraniana permanece, as mortes se multiplicam, e a Alemanha triplica, de acordo com reportagem de Igor Gielow, da Folha de S. Paulo, o gasto militar e envia armas para os ucranianos resistirem. Além disso, destinou uma ajuda de € 100 bilhões para contribuir com a defesa do país contra o ataque russo.
FORÇAS NUCLEARES – Ao mesmo tempo, Putin, acentua a matéria, coloca forças nucleares em alerta, o que demonstra claramente que as armas consideradas convencionais não estão sendo suficientes para subjugar a Ucrânia ou mesmo para fazer cessar a resistência e dominar o país. A União Europeia oferece caças para o governo de Kiev. O número de mortes se multiplica.
Igor Gielow transforma-se numa testemunha da história cujo relato ficará para sempre emoldurando o trágico episódio da Ucrânia pelo governo Putin. O jornalismo se faz assim e é pelo jornalismo que se registra a História desde o tempo de Gutemberg.
O Globo, em reportagem procedente de Berlim, destaca a decisão alemã de apoiar a Ucrânia com armas e crédito bilionário, deixando claro que se continuar a invasão, o governo de Berlim enviará tropas para o combate. O mundo corre risco em função da alucinada política de Putin. Relativamente ao plano econômico, também no O Globo, Letícia Cardoso e Gustavo Schmidt, edição de segunda-feira, inclui uma ampla fotografia sobre as filas enormes em Moscou para saques nos caixas eletrônicos.
ASSEMBLEIA – Um enigma está no ar, tornando a atmosfera tão densa quanto sufocante. Os rumos do futuro podem estar sendo decididos na semana que se iniciou. A Assembleia Geral da ONU, com 193 países, reuniu-se a partir de ontem em Nova York. No momento em que escrevo esse artigo, a decisão geral ainda não saiu. O número de oradores inscritos passa de uma centena.
Militares também no mundo protestaram contra Putin. A Rússia perdeu a guerra da informação e a guerra da economia. Ficou sozinha como autora de uma violência inominável contra a soberania de um país. Putin diante das resistências não terá mais o poder de decidir tudo, pois enquanto o poder é absoluto, as dissidências não se fazem sentir. Mas quando as situações se complicam, elas surgem.
POSICIONAMENTO – No Brasil, o presidente Bolsonaro, ao contrário do voto do nosso país no Conselho de Segurança da ONU, numa entrevista reproduzida pela GloboNews na manhã de ontem, afirmou ser favorável à neutralidade e negou as informações que classificam o desencadeamento militar da Rússia como um massacre contra o povo ucraniano.
Ao assumir uma posição de neutralidade, Bolsonaro contrariou uma corrente de condenações que emergem na enorme maioria dos países. Não fica bem perante a história moderna brasileira tal posicionamento. No momento, matéria de Klaus Richmond, Folha de S. Paulo, Bolsonaro afirma que, do Guarujá, litoral de São Paulo, onde se encontra descansando, não vê impacto eleitoral da guerra da Ucrânia em relação ao quadro político do Brasil. É incrível.
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