terça-feira, 1 de outubro de 2013

Ruptura e mudança

Por José Reinaldo Tavares


Foi mais uma semana fantástica para a oposição. Na última sexta-feira tivemos a filiação de Othelino Neto no PCdoB, muito concorrida e contando com a presença em peso de líderes oposicionistas e no sábado, em Imperatriz, em grande e vibrante reunião popular no ginásio da AABB, Rosângela Curado renunciava a sua filiação governista e entrava com força na luta oposicionista, filiando-se ao PDT.


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Rosângela, sem nenhum apoio, quase ganhou a eleição passada para a prefeitura em Imperatriz. Não ganhou porque lhe faltou tudo no final. Possuidora de um discurso forte e envolvente, ela empolga. Conta com uma grande legião de amigos e admiradores entusiasmados, além de um importante trabalho na área da saúde em diversos municípios do estado. Liderança nova e muito forte, tem como característica o contato direto com as pessoas nas comunidades. Sem dúvidas terá um grande futuro na política, se enquadrando muito bem nessa época de mudanças e novas práticas. Ela cresceu muito ao vir para a oposição.
O reconhecimento da importância política de sua filiação levou a Imperatriz presidentes e integrantes dos partidos oposicionistas de inúmeros municípios do estado. Ela é mais uma reforçando a candidatura de Flávio Dino ao governo do Maranhão.
À tarde participamos do movimento “Diálogos pelo Maranhão” com Flávio e muitas outras lideranças políticas da oposição em grandes reuniões em São Francisco do Brejão e em Davinópolis.
Eu acompanho política e eleições há muito tempo. Já vencemos o grupo Sarney em 2006, quando elegemos Jackson Lago governador do Maranhão. Mas o ambiente era muito diferente do que encontramos agora. Em 2006, as pesquisas mostravam Roseana Sarney com mais de 70 por cento e Jackson mal passava dos dois dígitos. Ela e seus jornais alardeavam vitória em primeiro turno. Nós tivemos que sair com três candidaturas a governador para impedirmos que ganhasse no primeiro turno e forçássemos um segundo. Sabíamos que se houvesse um segundo turno, a população passaria a acreditar que poderíamos ganhar e nos daria seu voto. E Jackson Lago venceu a eleição, tomada, depois, pela família Sarney nos tribunais.
Em 2010, com Roseana no governo, também ganhamos a eleição, pois só não houve o segundo turno porque o pleito foi fraudado. A ação que patrocinei, elaborada pelo advogado Rodrigo Lago, não deixava dúvidas sobre isso, tanto que foi acatada pelo Procurador-Geral da Rapública, que pediu a cassação do diploma de Roseana. Nas 32 páginas do seu parecer  ao TSE, ele não deixa a menor dúvida de que a eleição foi fraudada em 2010 e, baseado em grande número de provas, pediu a cassação de governadora. Ela ‘ganhou’, porque houve escandalosa fraude.
Hoje é muito diferente. Por diversas circunstâncias, a população tomou consciência de que a vida pode ser muito melhor, principalmente para seus filhos. O descaso e a indiferença do governo de Roseana Sarney ao sofrimento e dificuldades da população nas coisas mais comezinhas e corriqueiras do dia a dia, além do escárnio que é a propaganda mentirosa do governo, foram levando à revolta. Qualquer um se revoltaria. Hoje o mundo se comunica e as pessoas ficam sabendo que em outros estados as famílias vivem melhor e a vida é mais fácil.
Quem em sã consciência suportaria viver sem acesso à saúde, a um médico, a um exame, ao remédio muito necessário no quotidiano das famílias? E, pior, recebendo um tratamento desinteressado, indiferente, e mesmo hostil, ao simples fato de tentar marcar uma consulta com um médico, coisa que obriga a filas de madrugada e meses de espera. E que se repete ao tentar marcar os exames solicitados pelo médico.
Esse mesmo povo vê a propaganda dos novos e maravilhosos hospitais, mas sabe que eles só abrem no dia da inauguração e que no dia seguinte o prefeito fecha e devolve a chave ao governo, pois não possui condições de prover sua manutenção. Sem planejamento, nada funciona. Faltam competência e interesse real por parte do governo, que faz apenas a obra sem ouvir a população.
Esse exemplo da saúde se repete na educação, no abastecimento de água, no esgotamento sanitário, no recolhimento do lixo, na segurança, no transporte, na falta de empregos, na preparação e treinamento para o trabalho, na falta de assistência técnica para produzir, na justiça, na impunidade e nos maus exemplos dos membros do governo. A revolta é grande.
Esse estado de coisas, aliado à presença da oposição, mostrando que existem outros caminhos, e que existem governos que, trabalhando junto com a população, ouvindo-as na elaboração de seus programas e na fiscalização eficiente dos agentes públicos, fomentou um ideal, uma expectativa de que tudo pode ser muito diferente e melhor.
Com efeito, surge o irreversível desejo de mudança que cresce forte no seio da população. A presença de Flávio Dino, homem sério de discurso forte e passado ilibado, galvanizou esse sentimento. E isto é dominante em toda a parte, pois as pessoas se sentem injustiçadas e querem ‘votar no juiz’.
O vale-tudo e a derrama de dinheiro que o governo, no auge do desespero  para manter o poder, começa a promover até pode enriquecer muita gente esperta, mas não terá força para mudar o destino dessa eleição. Dessa vez o sentimento de mudança é profundo e vem do povo, que é maioria absoluta no estado.
Nisso consiste o sentimento de grande simpatia que a oposição encontra em toda a parte, muito diferente do que Roseana tem encontrado no interior.
Enquanto isso, o senador José Sarney tenta encontrar um Maranhão rico e satisfeito em seus artigos. Parece desconhecer a realidade do povo do seu estado. Ele tenta convencer as pessoas de que os cruéis indicadores sociais do estado divulgados pelo IBGE, IPEA, PNAD, IDH e todos os outros são invenções da oposição do Maranhão. Parece incrível que um homem que foi até presidente da República pense assim e tente reduzir tudo a política partidária. Nunca quis encarar a realidade e, com seu imenso poder, tentar mudá-la. Mesmo quando foi o mandatário maior do país.
O outdoor a que se refere obsessivamente foi apenas uma reação salvadora para chamar a atenção dos senadores para o escândalo que acontecia no senado presidido por ele, que prendia havia três anos a aprovação de um empréstimo do Banco Mundial ao meu governo  para exatamente, pasmem, combate à pobreza. E funcionou, graças a Deus, pois conseguimos a aprovação, mesmo sob os protestos dele e de Roseana Sarney, votos vencidos nesse dia memorável.
Não haver em nenhum momento reconhecido os grandes, imensos problemas do estado, os verdadeiros, impediram a solução. Força foi algo que sempre teve.
Não será um PIB, algo que na verdade está aquém das nossas possibilidades (mas que é o dado que se agarra para tentar justificar que o estado é rico e desenvolvido) que vai mudar a nossa realidade. Ele é fruto da presença aqui da Alcoa, da Vale, da mineradora de ouro Aurizona, que quase nada deixam aqui, mas que aumentam o indicador. Não é isso que vai resolver nossa situação.
Mas o povo sabe muito bem quais são seus problemas. E quer mudança!

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