terça-feira, 7 de julho de 2015

Na hora de assumir o poder, os tucanos ficam em cima do muro

Caberá a Aécio Neves tirar o país da crise
Carlos Newton
É impressionante a incompetência do PSDB, demonstrando a que ponto caiu o nível da política brasileira. Quando os tucanos realmente têm uma chance concreta de voltarem ao poder, ao invés de se organizarem para concretizar o grande objetivo de todo partido político, eles fazem exatamente o contrário. Preferem ficam em cima do muro e até defendem a realização de outra eleição, que na forma da lei não tem a menor condição de ser realizada.
Reportagem de Paula Pacheco, do site iG São Paulo, relata a realização de uma importante reunião de dirigentes tucanos em Brasília, na manhã de domingo, no apartamento do senador cearense Tasso Jereissati, com participação do governador paulista Geraldo Alckmin, do senador paraibano Cássio Cunha Lima e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, entre outros.
Ao final do encontro reservado na manhã deste domingo, Cunha Lima foi o porta-voz e relatou que as principais lideranças do PSDB decidiram retomar as conversas sobre a possibilidade de haver uma nova eleição presidencial no caso de Dilma Rousseff perder o cargo.
NÃO HAVERÁ NOVA ELEIÇÃO
É inacreditável que os tucanos tenham chegado a essa conclusão, porque essa possibilidade de nova eleição não existe no caso atual. Só poderá ser convocada nova eleição se a presidente Dilma for cassada num processo e seu substituto, o vice Michel Temer, depois de assumir, for também cassado em outro processo separado. Se os dois forem cassados juntos por crime eleitoral, conforme está se configurando, quem assume é o senador Aécio Neves, segundo colocado na eleição de 2014.
O mais surpreendente é que o próprio Cunha Lima deveria ter total conhecimento desta realidade, porque em 2009 ele era governador da Paraíba e foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, junto com seu vice José Lacerda Neto, e quem assumiu foi o segundo candidato mais votado na eleição de 2006, José Maranhão, do PMDB.
MAIS DOIS EXEMPLOS
No mesmo ano, o TSE cassou os mandatos do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), e de seu vice, Luiz Carlos Porto (PPS), condenados por abuso de poder econômico e político nas eleições de 2006, e a segunda colocada Roseana Sarney assumiu o governo, junto com seu vice João Alberto.
Ainda em 2009, o TSE também cassou o governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), e de seu vice, Paulo Sidnei Antunes (PPS). O TSE julgou um processo no qual os dois foram acusados de abuso de poder, compra de votos e uso indevido dos meios de comunicação social nas eleições de 2006. O segundo colocado na eleição, Siqueira Campos, não conseguiu assumir porque Marcelo Miranda se elegera em primeiro turno. Por isso, foi então realizada eleição indireta pela Assembleia Legislativa, hipótese que não se aplica no caso de cassação simultânea de Dilma e Temer.
Traduzindo tudo isso: não adianta os tucanos pedirem novas eleições para se resguardarem até 2018 (se esta for mesmo a enlouquecida estratégia do partido), porque o poder cairá no colo de Aécio e seu vice Aluizio Nunes Teixeira. A única hipótese de haver eleição é se Dilma e Temer renunciarem e se isso ocorrer nos primeiros dois anos do mandato. Se a renúncia deles ocorrer nos dois últimos anos, o Congresso Nacional então escolhe novo presidente para mandato-tampão, em eleição indireta. Simples assim.
É desalentador ver os incompetentes  tucanos de volta ao poder, mas, como diz o deputado Tiririca, pior não fica.
 
 

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